Apenas lendo as notícias sobre a indústria fonográfica das últimas semanas/meses alguém que não conhece muito do business ficará com a impressão de que está acompanhando um momento chave, aquele em que numa novela, por exemplo, o mocinho descobre que estava sendo traído pela própria mãe... bem não vejo novelas, vocês que vêem já fazem uma idéia do que quero dizer.
Mas as notícias pipocam aqui e ali, dando conta dos últimos suspiros de uma indústria, que já teve proporções gigantes, que encolheu muito ao longo dos anos, mas que mesmo depois do encolhimento continua sem saber o que fazer diante do que está acontecendo no mercado da música.
Há alguns anos, antes da internet, dos MP3, a indústria fonográfica parecia ser um excelente negócio, contratos milionários, lucros infinitos, nenhuma queixa, nem contra as tais fitas cassete, que permitiam, oh! horror! que um cidadão comum, "surrupiasse" os sagrados direitos autorais, que pela lógica deveriam pertencer ao autor da obra, ou seja, o artista; e que por todo um sistema estranho e mal explicado, acabavam sendo o ganha pão destas empresas monstruosas.
O cassete nasceu em 1963 e durante todo o seu periodo de "vida" serviu para que pessoas gravassem suas músicas favoritas, naquele formato clássico do "mix tape" ou pudessem carregar por aí, dentro de seu velho walkman, sua coleção de discos.
Pois bem, de 63 até hoje, não se viu nenhum executivo de gravadora enlouquecido atrás de uma equipe de advogados, dizendo que fitas cassete estavam arruinando uma indústria e acabando com os empregos, blablabla....
E olha que eles ainda criavam alguns empregos, lembro de que algumas das tais "majors", como ainda são chamadas as grandes gravadoras multinacionais, mantinham escritórios razoavelmente grandes no Rio, em São Paulo e outras capitais.
E eles além de cuidar dos interesses da multinacional eram também os responsáveis por manter seus artistas no "topo das ondas", muitas vezes distibuindo o velho "jabá" para as rádios pelo país afora.
Mas nesta época, a gravadora também bancava a criação do produto disco, criava as condições para que o artista o criasse, depois fazia a divulgação, distribuição... enfim... quase todo trabalho.
Os custos começaram a pesar, optando sempre pela solução mais "construtiva", as gravadoras começaram cortando no elenco e nos empregos, fecharam escritórios, começaram a deixar de bancar a criação do produto disco e "canibalizaram" o sistema, inundando o mercado com as tais coletâneas que, vendem bem porque são baratas, mas que no final das contas acabam esvaziando a venda dos discos de carreira de seus próprios artistas.
Enquanto isso tudo continuava acontecendo veio a explosão tecnológica, a pirataria, os MP3, os Ipods e demais tocadores de MP3.
Os artistas cada vez mais conscientes da mudança do mercado estudam agora novas alternativas para competir com a pirataria, abaixando o preço dos discos ou disponibilizando direto seu trabalho para download na web, como fez o grupo britânico Radiohead.
Enfim, o mundo mudou, mas parece que as velhas e enferrujadas majors ainda não perceberam e continuam preferindo usar seus exércitos de advogados numa "Nova Cruzada" em busca de "demonizar" pessoas comuns que baixam músicas pela internet ou que distribuem "mix tapes" para seus amigos.
Bem, é uma escolha, embora não veja nenhum futuro nela, pelo contrário, me parece uma opção final pela extinção do mercado fonográfico, afinal mudar e evoluir nunca fez parte do vocabulário destes velhos dinossauros.
pendurados na janela, executivos-sequela
ResponderExcluirpensam no novo mundo,
mas lá vem ela
nova tecnologia - bela
mata os sanguesuga péla
suga o sangue, lambe até a panela
vamos rir, gargalhar
ouça o som que vai mudar
sua forma de olhar
sonoridade vulgar
da lama, doutro lugar
do pântano, com escândalo
www.myspace.com/homensdupantano
Recentemente compôs-se um documentário muito legal sobre este tema, com entrevistas a artistas e gravadoras, que está disponível online.
ResponderExcluir"Good Copy, Bad Copy"
Curiosamente, eles falam bastante do brasil (do movimento TecnoBrega do Pará) e da Nigéria (indústria de filmes digitais).
http://www.goodcopybadcopy.net/