quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Contos do Jardim Secreto



"A vida é feita de histórias... nosso cotidiano é uma sucessão delas, algumas tristes, outras alegres e multicoloridas, como as flores de um jardim, em uma manhã de primavera banhada pelo sol."
Esta é a frase de abertura de um novo projeto em que agora começo a mergulhar de cabeça. O novo blog Contos do Jardim Secreto será escrito a 4 mãos e será a minha chance de dar vazão ao meu lado, por assim dizer, mais artístico.
E mais uma vez, preciso de vocês; críticas, reclamações, adendos, elogios e pitacos serão muito bem vindos.

Uma boa notícia para os fãs do ator Owen Wilson


Seis meses depois de uma tentativa de suicídio, Owen Wilson está de volta ao trabalho.

No dia 10 de março, ele e Jennifer Aniston iniciam em Miami as filmagens de "Marley e Eu"; uma comédia baseada no livro homônimo de John Grogan.

O filme será dirigido por David Frankel (O Diabo Veste Prada) e tem roteiro, baseado nas memórias de Grogan, que decide com sua esposa adotar um cão labrador muito bagunceiro.
A estréia nos cinemas acontece no dia de Natal, nos Estados Unidos.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

O Gerente


Uma empresa entendeu que estava na hora de mudar o estilo de gestão e contratou um novo gerente geral.
Este veio determinado a agitar as bases para tornar a empresa mais produtiva. Logo no primeiro dia, acompanhado de seus assessores, fez uma inspeção por toda a empresa.
No armazém todos estavam trabalhando, mas um rapaz novo estava encostado na parede com as mãos no bolso. Vendo uma boa oportunidade de demonstrar a sua nova filosofia de trabalho, o novo gerente perguntou ao rapaz:
- Oi. Quanto é que você ganha por mês?
- Trezentos e cinqüenta reais, porquê? - respondeu o rapaz sem saber do que se tratava.
O administrador tirou os R$ 350,00 do bolso e os deu ao rapaz, dizendo:
- Aqui está o seu salário deste mês. Agora desapareça e não volte aqui nunca mais!
O rapaz guardou o dinheiro e saiu conforme as ordens recebidas.
O gerente então, enchendo o peito, pergunta ao grupo de operários:
- Algum de vocês sabe o que este tipo fazia aqui?
- Sim, senhor - responderam atônitos os operários - Veio entregar uma pizza e estava aguardando o troco.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Remexendo os baús (3): resenhas de shows


Acabou o Carnaval! Até que enfim, agora o ano começa!
E aproveitando que ele ainda não começou, mais uma revirada no baú de velhas resenhas da Revista Eletricidade, mas desta vez de uma outra seção, a dos shows ao vivo.
Gostaria muito de ainda ter acesso a textos bem mais antigos, escritos entre 98 e 02, se eles "sobreviveram" às muitas formatações do HD, devem estar no computador antigo, onde começou a história da revista.
Uma vontade que sempre tive foi a de deixar no ar todos os textos que já foram escritos, dá trabalho, mas acredito que é uma boa maneira de ver o quadro completo e suas mudanças através dos tempos.
Enquanto a disponibilização do arquivo não chega, convido meus leitores a "dar um passeio" por alguns shows do ano de 2002:

PARALAMAS DO SUCESSO - 15 DE DEZEMBRO DE 2002- CREDICARD HALL - SP

A espera foi longa, o caminho de volta penoso e ninguém conseguia, no início dele, antever o que iria acontecer no final. Mas agora parece que esse longo caminho no escuro terminou, e no final do túnel havia bem mais do que apenas luz.

O retorno aos palcos dos Paralamas do Sucesso e a recuperação quase milagrosa de seu líder Herbert Vianna talvez seja a melhor notícia que os "Deuses" da música nos deram neste complicado ano de 2002.

Com um novo trabalho em seu currículo, composto antes do acidente, mas gravado com maestria após a recuperação de Herbert, a banda volta finalmente a estrada, deixando para trás um fantasma que afligia o grande público conquistado pela banda em seus vinte anos de carreira.

Abrindo com "Calibre", a banda opta por ficar sozinha no palco durante toda a primeira parte do show, os músicos de apoio das tours anteriores dos Paralamas, como o tecladista João Fera, o naipe de metais e o percussionista Eduardo Lira, só entram no palco a partir da metade do espetáculo.

O repertório resgata músicas antigas como "Mensagem de Amor" e "Assaltaram a Gramática" e as mescla, em pé de igualdade com as novidades do álbum "Longo Caminho". A reação do público que lotou o Credicard Hall é emocionada e emocionante. Herbert Vianna conversa com a platéia, brinca e mostra que está realmente muito bem. Chega até mesmo a "puxar" toda a banda em covers de Police, The Jam e UB40.

Como guitarrista, continua arrancando muitos aplausos com seus solos em clássicos "paralâmicos" como "Lanterna dos Afogados". No final do show, rostos felizes no palco e fora dele denunciam que a noite foi vitoriosa e que uma das melhores bandas brasileiras de todos os tempos retoma seu merecido lugar ao sol. Sejam benvindos Paralamas, a casa continua sendo de vocês!


BILL BRUFORD - 26 DE SETEMBRO DE 2002 - DIRECTV MUSIC HALL - SP


Foi uma longa espera, depois de 35 anos de carreira, dezoito deles como o melhor baterista do Rock Progressivo em bandas como Yes e King Crimson; Bill Bruford finalmente chega ao Brasil para mostrar sua maior paixão musical: o Jazz.

O público que lotou o Directv Music Hall, nos minutos que antecederam a apresentação, não parecia compactuar muito com esse amor do baterista e apenas os mais antenados pareciam já conhecer essa face de Bruford, que por sinal não é nada recente.

Mas também, não é culpa do público, afinal na época do Yes, o estilo mais jazzístico do baterista estava sempre encoberto pelas orquestrações e teclados que dominavam a sonoridade da banda. Idem para o seu trabalho com o King Crimson, onde o baterista acabava meio escondido por inúmeras improvisações sombrias.

E foi para enfrentar esses "leões" defensores do Progressivo, alguns nada dispostos a ouvir o bom jazz do Earthworks, sua banda desde 86, que o bem humorado Bill Bruford subiu ao palco do Directv Music Hall. E venceu com facilidade, conquistando o coração e os ouvidos dos tais "leões" já na primeira música, a envolvente "Revel Without a Pause", faixa de seu trabalho mais recente o CD duplo, gravado ao vivo "Footlose & Fancy Free" (2002).

A surpreendente técnica de Bruford em solos fantásticos, deixou a platéia emocionada, criando ritmos muito sofisticados a partir de um kit de bateria que era a própria simplicidade. E apresentando uma sonoridade acústica de apelo irresistível que navegava ora pela "latinidad", ora por influências árabes e orientais com uma naturalidade que só é possível aos grandes virtuoses.

E virtuose é um termo que se aplica a cada um dos músicos da atual formação do Earthworks; composto por Steve Hamilton (teclados); Tim Garland (saxofones), Mark Hodgson (baixo acústico) e claro, Bill Bruford (bateria); o grupo em seus desesseis anos de carreira e com nove álbuns já gravados, está agora muito próximo de atingir a perfeição, nesta recente fase "sax-piano-baixo-bateria".

É claro que na hora do bis ainda restavam na platéia algumas pessoas, poucas é verdade, que continuavam a pedir com insistência que Bruford tocasse as músicas do Yes e do Crimson, mas para esses desavisados de plantão cabe fazer apenas uma pergunta: - Para que?

MARCUS VIANA - 27 DE JUNHO DE 2002 - DIRECTV MUSIC HALL - SP

O nome do músico Marcus Viana é ao mesmo tempo associado às trilhas sonoras das novelas na TV e ao seu trabalho com a banda "Sagrado Coração da Terra", que desde 1979 desenvolve o projeto de fundir rock sinfônico com textos orientados para questões ecológicas e espirituais, e hoje em dia é considerada pela crítica internacional como a melhor banda de rock progressivo da América Latina.

Maestro e multi-intrumentista, Marcus Viana desfila uma impressionante competência e sensibilidade musical cantando, no violino, piano, teclados e até mesmo no esraj, um instrumento oriental que se parece muito com uma cítara, mas é tocado utilizando-se um arco.

Para abrir sua apresentação em São Paulo, nada mais natural do que mostrar ao público do DirecTV Music Hall o sucesso mais recente, os temas de irresistível sonoridade árabe que ilustraram por meses a fio as belas cenas das locações marroquinas na novela das oito.
E acompanhando Marcus nessa primeira parte, a Transfônica Orkestra, com uma verdadeira "parede" musical criada por nada menos do que dez músicos em cena, o show começa com "Maktub", faixa título do CD que traz as músicas da trilha sonora da novela "O Clone".

A seguir, "Sob o Sol", o tema de abertura da novela todas as noites, foi interpretado por Malu Aires, paulistana, radicada em Belo Horizonte há cinco anos, prova que é acima de tudo uma intérprete de grande personalidade, não bastasse a belíssima voz, ao vivo, ela ainda mostra que tem muito carisma.

Já é um fato conhecido do público brasileiro a grande aceitação no mercado internacional que as novelas da Rede Globo têm. Com "O Clone" não poderia ser diferente e as versões em espanhol para os diversos temas da novela também figuram no setlist.

A apresentação seguiu mostrando também outras trilhas sonoras de sucesso, como "O Tango" da novela "Kananga do Japão" (da extinta Rede Manchete de Televisão), "Um Novo Século", belíssima peça instrumental escrita para a minissérie Chiquinha Gonzaga e o tema de amor da novela "Terra Nostra".
Logo após um breve intervalo, entram no palco os músicos da banda Sagrado Coração da Terra, formada por Lincoln Meirelles (teclados), Augusto Rennó (guitarra), Ivan Correa (contrabaixo), Eduardo Campos (bateria e percussão), Lúcio Gomes (contrabaixo), Danilo Abreu (piano) e Malu Aires (voz). A banda que foi criada em 1979 por Marcus Viana centrou seu repertório em seus dois álbums mais recentes, "A Leste do Sol, Oeste da Lua" e "Sacred Heart of Earth", uma coletânea de canções compostas em inglês e especialmente direcionada ao mercado internacional onde a banda tem um grande número de fãs.

O tema da novela "Pantanal" abriu a segunda parte, numa versão onde a guitarra de Augusto Rennó merece destaque. "Sweet Water" veio a seguir e depois, uma música nova, "Flores do Éden", que deve figurar no próximo álbum do Sagrado.

Para o final da apresentação, uma belíssima suite uniu "Rapsódia Cigana", "Central Sun of The Universe" e "Sob o Sol II", numa versão mais pesada que a original, com Malu Aires cantando em árabe.

E para fechar a apresentação, uma surpresa para o público do DirecTV Hall, o vocalista André Matos (Shaman) acompanha "O Sagrado Coração da Terra" na música "Terra", um clássico de Caetano Veloso que poucas vezes recebeu um tratamento tão especial quanto este do Sagrado. Sem dúvida um excelente final para uma noite de boa música.

A-HA - 15 DE AGOSTO DE 2002 - CREDICARD HALL - SP

Nos anos 80 eles agitaram as platéias brasileiras com uma sonoridade pop alegre e dançante e levaram milhares aos estádios numa tournê de muito sucesso.
Agora, depois de afastados da cena por sete anos, e onze anos após sua última passagem pelo Brasil, durante a segunda edição do Rock in Rio, o A-HA volta diferente, o pop alegre característico do grupo norueguês, deu lugar a uma sonoridade bem mais sombria e melancólica.

E é com esse repertório mais sombrio, mas também mais maduro, baseado nos dois álbuns mais recentes da banda "Minor Earth Major Sky" (2000) e "Lifelines", lançado em abril de 2002, que o A-HA chega a São Paulo para duas concorridas apresentações no Credicard Hall.

Mas os fãs mais antigos da banda não sairam frustrados, "I've Been Loosing You", logo no primeiro bloco do show, colocou um sorriso nos lábios dos saudosistas. Assim como os mega sucessos "Hunting High and Low" e "Take On Me" foram acompanhados com fervor por um público formado em sua grande maioria por antigos fãs do A-HA.

Uma outra novidade desta tourné é a presença de Anneli Drecker nos backing vocals, discreta durante quase toda a apresnetação, ela brilha quando assume o papel de solista na bela "Dark is The Night" e depois dividindo com Morten Harket o megahit "Stay On These Roads".

A excelente forma física e vocal de Morten Harket também chamam atenção, afinal depois de quase 20 anos de carreira, sua voz continua a mesma, mas os seus bíceps, estão muito mais malhados, como a platéia feminina do Credicard pode comprovar de perto.

E falando em continuar em forma, o A-HA apresenta também uma boa forma musical garantida pelos os teclados de Magnus Furuholmen. Magnus que por sinal, revelou-se um homem versátil e de muito bom gosto, já que são de sua autoria os painéis luminosos que serviram de cenário.

A guitarra de Pal Waaktaar, outra intituição da sonoridade do A-HA, também continua lá, firme, ajudando na construção das melodias.

"The Living Daylight", que já foi até tema de filme do 007, nos anos 80, aparece renovada por um inesperado reggae, e para fechar a noite "The Sun Always Shines On TV", mais uma boa lembrança de uma banda norueguesa que continua sendo muito querida no Brasil.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Remexendo os baús (2): resenhas de discos


Olha o Pipocando aí genteeeeeeeeee!!!!
Eles continuam transmitindo o Carnaval, mas será que alguém assiste? Eu, com certeza não.
E já que estou aqui, mais uma remexida no velho baú da Revista Eletricidade

Enquanto isso, na avenida, a grande questão é: Será que a Mangueira já entrou? Ninguém merece!

THE ROLLING STONES - A BIGGER BANG - (EMI MUSIC)

Depois de um longo jejum, o último disco de inéditas "Bridges to Babylon" saiu em 97, os fãs dos Rolling Stones não têm mais do que reclamar.

"A Bigger Bang" traz os Rolling Stones de volta, não só à cena musical, mas com a sua primeira coleção de inéditas à altura da história da banda, desde "Steel Wheels" (89).

Com suas 16 músicas, o lançamento é um dos mais longos da carreira dos Stones, só perdendo para o clássico "Exile on Main Street" e também um dos mais variados; das baladas ao blues tradicional e dele, ao rock básico, rasgado, com aquela sonoridade que se tornou uma marca registrada dos Stones, o disco mostra que a banda acaba de passar por um período musical especialmente fértil.

E tudo isso, quase cru, distante dos excessos das últimas décadas, construído basicamente em torno da levada da guitarra de Keith Richards e da bateria de Charlie Watts, o que hoje representa quase uma volta às origens, para uma banda que andou um pouco perdida na pirotecnia tecnológica dos últimos tempos.

Se musicalmente eles voltaram ao "básico", as letras continuam buscando a boa e velha controvérsia de sempre; como na "homenagem" que os Stones prestaram ao neo-conservadorismo americano, a ótima "Sweet Neo Con" que sem rodeios, nem meias palavras, detona de vez com o "estilo George W Bush de ser".

Mas o repertório de "A Bigger Bang" merece a nossa audição atenta como um todo, do primeiro single "Rough Justice", um rock com o DNA dos Stones, feito para incendiar o público nas apresentações ao vivo às já tradicionais "músicas do Keith", que neste álbum são "This Place is Empty" e "Infamy".

A balada "Streets of Love" e sua melodia delicada, já está em alta-rotação nas rádios brasileiras; mas é o blues "Back of My Hand", que mostra aos mais desavisados do que a "Maior Banda do Mundo" ainda é capaz.

Com a imprensa musical insistindo em focar sua atenção mais na idade dos músicos, do que na própria música, os Stones parecem continuar seguindo alheios às línguas ferinas da crítica.

Não existe uma idade limite para se fazer boa música, uma verdade que os Stones descobriram no início de sua carreira, afinal, envelhecer em público, não parece nada difícil para alguém que tenha visto seus ídolos, deuses do blues como Muddy Waters ou Howling Wolf, envelhecendo com a tranqüilidade e sabedoria de quem se aproximava a cada novo trabalho da perfeição musical.

É o exemplo destes velhos bluesmen que a banda segue, atrás de uma perfeição que os brasileiros terão o prazer de conferir ao vivo, já que a nova tournê passa pelo Rio de Janeiro, em Fevereiro de 2006, com uma única apresentação na Praia de Copacabana.


ROBERT PLANT - MIGHTY REARRENGER (BMG)

Quando pensamos naqueles que foram os maiores e melhores do rock no passado, alguns artistas já têm seu lugar garantido em qualquer lista, Robert Plant é um deles; uma espécie de "Top of Mind" na categoria melhores vocalistas de rock de todos os tempos.

Apesar do chavão já bem desgastado, Robert foi um ícone e influenciou todas as gerações que vieram depois dele.

Mas os anos se passaram e sua carreira pós-Zeppelin têm mostrado que mesmo um ícone está sujeito aos ataques severos e muitas vezes injustos da crítica especializada que no final das contas sempre acabam influenciando nas vendas de discos.

Mesmo assim, Plant comemora seus mais de 35 anos de carreira lançando seu nono disco solo. "Mighty Rearrenger" é o primeiro de inéditas em 12 anos e o segundo ao lado da banda "Strange Sensations".

Depois de encerrar um ciclo de experiências com Jimmy Page que rendeu pelo menos um bom disco, o antológico "Unledded", o músico mostra que ainda alimenta a idéia de reunir, pelo menos musicalmente, Ocidente e Oriente (Another Tribe) e encontrar o que existe em comum entre os tambores africanos e o blues americano do início do século 20 "Takamba".

Se a simples descrição aponta para o lodoso e exótico campo da world music, a audição do novo material revela na verdade um rock honesto, bem feito e que já está bem longe da sombra dos anos dourados à bordo do Zeppelin. Alguma dúvida? É só conferir a letra da eletrônica "Tin Pan Valley", uma crítica ácida e divertida para quem continua por aí e ainda não se deu conta de que o tempo já passou.

E talvez seja este o maior mérito do disco, Plant esqueceu o ícone e seus maneirismos para mostrar que também pode ser um grande compositor e intérprete.

Os agudos que ajudaram a moldar a sonoridade do Heavy Metal não se fazem mais presentes, perderam lugar para uma entonação mais amena.

É nesse registro mais ameno que sua voz reina absoluta, criando clima na linda balada folk "All the Kings Horses", ou em incursões pela praia do blues na faixa "The Enchanter".

Recentemente Robert Plant criou um certo mal-estar em seus ex-companheiros do Led Zeppelin por não comparecer à noite dos Grammys, onde a banda foi homenageada pelo conjunto da obra.
Mas ao contrário do que possa parecer, Plant não está renegando as glórias do passado, apenas reafirmando que não precisa delas para continuar por aí.

U2 - HOW TO DISMANTLE AN ATOMIC BOMB (UNIVERSAL MUSIC)

Depois de 28 anos de trabalho e nada menos do que 140 milhões de discos vendidos, o U2 lança um dos melhores discos de toda a sua carreira.

Entitulado "How to Dismantle an Atomic Bomb", o disco tem recebido muitos elogios da crítica especializada, algumas resenhas, um pouco mais empolgadas, já incluem o lançamento na lista dos melhores trabalhos da banda, ao lado de clássicos como "The Joshua Tree".

O fato é que o novo disco produzido por Steve Lillywhite, com o auxílio de antigos parceiros da banda como Daniel Lanois, Brian Eno e Flood, tem uma sonoridade bem distante dos discos mais "experimentais" do U2 como "Pop", ou "Achtung Baby" e cai no rock n'roll, com força total e a guitarra mais do que inspirada de The Edge.

Este é o caso da faixa de abertura e primeiro single "Vertigo", que resume muito bem em seus pouco mais de 3 minutos de duração, o que se esperar do restante do disco.

O título "How to Dismatle an Atomic Bomb", em português: "Como desmontar uma Bomba Atômica", pode levar a crer que se trata de um álbum de canções engajadas politicamente, mas não desta vez, talvez encarando o ato de compor como férias para sua incansável "persona" política, Bono entregou uma nova safra de canções que falam muito mais de relacionamento amoroso e humano, do que de política.

Os conflitos políticos só aparecem em "Love and Peace or Else". Sobra então, espaço para as questões mais pessoais, a morte do pai de Bono, de câncer em 2001, é o tema em "Sometimes You Can't Make It on Your On" e também em "One Step Closer".
A nova tournê da banda começa em 1 de março de 2005, na Flórida, nos EUA, mas o U2 já ofereceu uma prévia do que vem por aí em uma apresentação surpresa, gratuita em plena Nova York.

A cidade homenageada pela banda em "City of Blinding Lights" (A Cidade das Luzes Cegantes) parou para ver os irlandeses tocando, inicialmente em cima de um caminhão, e depois em um palco mais apropriado montado em um dos parques da cidade. Para nós, brasileiros, uma nova tour sempre significa uma nova esperança de repetir o sucesso das apresentações inesquecíveis que aconteceram por aqui em 98, durante a "Pop Mart Tour".

Seja como for, com "How to Dismantle an Atomic Bomb", o U2 dá mais um passo para a frente, demonstrando que evolução musical, muitas vezes, significa voltar para a mesma estrada onde tudo começou, mas agora, com uma carga de experiência que serve para lapidar ainda mais o que já estava próximo da perfeição.

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Remexendo os baús (1): resenhas de discos


É Carnaval, eu prefiro trabalhar!!!! Mas como o resto do Brasil parece não concordar comigo, estou recorrendo aos "velhos baús" da Revista Eletricidade e colocando aqui no blog algumas resenhas de discos, que já não estão mais no ar no site:

SIMPLY RED - SIMPLIFIED - (SOM LIVRE)

Chega às lojas o novo trabalho da banda britânica Simply Red, o nono da carreira e o primeiro pelo selo independente especializado em Jazz Verve. "Simplified" está sendo lançado no Brasil pela gravadora Som Livre.

A idéia por trás do disco é uma velha conhecida de nós brasileiros, desde que a "maré" de acústicos inundou o nosso mercado há alguns anos, já temos muita familiaridade com shows e discos que apresentam o repertório de hits de um artista de uma forma alternativa seja com instrumentos acústicos, sessões de cordas, orquestras inteiras ou apenas voz e piano/violão.

Assim como nos acústicos, a simplificação ficou só no papel e o que se vê na prática é a transformação de hits pop em delicadas e sofisticadas melodias, e talvez, de difícil assimilação para quem esperava o "arroz e feijão" do chamado disco de greatest hits ao vivo.

"Perfect Love", a faixa de abertura e a primeira das três inéditas do disco é Simply Red com "sotaque" cubano, tem um irresistível apelo dançante e conta com a participação especial da cantora Danae.

O arranjo do hit "Something Got Me Started" também recebeu um tratamento latino, mas de outra origem, em "Simplified" a música ficou com um certo ar de flamenco, com violão acústico e percussão.

Além da latinidad, o jazz foi outra fonte de inspiração, é o caso de "Fairground", por exemplo, que perdeu sua percussão e ritmo originais e ganhou uma versão mais cool.
Também não falta a tradicional versão cover, que aparece em quase todos os discos do Simply Red, em "Simplified" a canção escolhida foi "A Song For You" de Leon Russell que ganhou um clima "Frank Sinatra", no melhor estilo dos clássicos da música americana.

E falando em clássicos,"Holding Back the Years", "More" e "Sad Old Red" receberam versões muito próximas às gravações originais e devem agradar muito àqueles fãs que preferem ver suas músicas favoritas no formato em que elas foram criadas.


BARÃO VERMELHO - AO VIVO MTV - (WARNER MUSIC)

Um dos maiores nomes do rock brasileiro, o Barão Vermelho já tem 23 anos de estrada, uma carreira cheia de altos e baixos e idas e vindas, mas no balanço geral, uma trajetória de sucesso que merece, e muito, ser comemorada.

E nada como poder comemorar onde tudo começou, o lendário Circo Voador, cenário que ajudou a alimentar o rock brasileiro da geração 80, noite após noite, em shows que hoje fazem parte da História do rock Brasil.

O Barão, com certeza, faz parte desta História, com seu rock cheio de atitude, as letras maravilhosas de Cazuza e uma sonoridade que, ao vivo, passa como um trator, pesada e poderosa, por cima de tudo, sem deixar espaço para mais nada.

E é com este espírito que o Barão Vermelho coloca no mercado seu mais novo lançamento, "Barão Vermelho - Ao Vivo MTV" conseguiu capturar muito bem tudo que aconteceu naquela memorável noite de Agosto, no Circo Voador e agora coloca à disposição do público em três formatos possíveis, disco duplo, discos simples vol I e II e DVD.

No repertório, as músicas que sempre formaram a espinha dorsal de todas as apresentações do Barão e um passeio bem completo por todas as fases, que acabou trazendo de volta algumas raridades como, por exemplo, a faixa bônus, interativa do CD II, o blues "Quem me Olha Só".

Mas não são só as raridades que surpreendem, também os novos arranjos para músicas que sempre estiveram no repertório como "Pense e Dance" que está agora ainda mais "dançante" ou "Declare Guerra" com sua letra sempre atual.
"Codinome Beija Flor", a música de trabalho é um dueto inédito entre o Barão de hoje, com Frejat nos vocais e o do passado, com Cazuza, um diálogo emocionado e emocionante que começou a tocar nas rádios antes mesmo da chegada dos discos nas lojas.



BARBRA STREISAND - GUILTY PLEASURES (SOM LIVRE)

Em 1980, a cantora Barbra Streisand se uniu ao produtor, compositor e vocalista Barry Gibb e os dois juntos criaram Guilty, um verdadeiro marco da música pop, um disco que alcançou um sucesso popular de proporções até então inéditas, mesmo para duas carreiras musicais tão brilhantes quanto as deles.

Era o auge da música disco e os Bee Gees de Barry Gibb não só eram os principais artistas do estilo, como os maiores responsáveis pela revolução que trouxe a música para dançar direto do underground para as paradas musicais do mundo inteiro.

Como "Saturday Night Fever", "Guilty" também invadiu todas as paradas de sucesso, recebeu vários discos de platina e inúmeros outros prêmios, incluíndo o Grammy para a faixa título de melhor performance pop para dupla ou grupo.

E agora, 25 anos depois, quando músicas como "Guilty", "Woman in Love" e "What Kind of Fool" já se transformaram em clássicos definitivos, Streisand e Gibb resolveram repetir a façanha.

Com "Guilty Pleasures" a dupla mostra que continua em plena forma, pelo menos musicalmente, e cria mais uma vez o disco pop perfeito.

As baladas românticas ditam o clima e tomam conta do trabalho, mas também existe espaço para outros ritmos, até para a bossa-nova, uma das novas "paixões" musicais de Barbra aparece em Guilty Pleasures com "sotaque" latino, mas mesmo assim, com um sabor especial para nós, brasileiros, afinal não é sempre que se ouve uma "diva" como Barbra falando em dar uma "escapadinha" para o Rio de Janeiro, como na letra de "Hideaway".

Enquanto "Night of my Life" é para dançar, "Without Your Love" tem uma melodia de beleza clássica e poderia ter saido facilmente de algum musical da Broadway.


JOTA QUEST - ATÉ ONDE VAI (SONY/BMG)

Depois do sucesso arrasador do "MTV Ao Vivo", que acabou rendendo um segundo disco ao vivo "Rio de Janeiro, 28/01/2005"; a banda Jota Quest mostra que está se aproximando da maturidade musical com seu novo trabalho, "Até Onde Vai".

Há 12 anos na estrada, os mineiros do Jota Quest começaram sua carreira na cena noturna de Belo Horizonte, mostrando um repertório carregado de
influências da black music americana e do pop/rock brasileiro geração 80.

Com a evolução da banda, estas influências foram naturalmente se diluindo e transformando-se em elementos secundários dentro da personalidade musical do Jota Quest.

A sonoridade do Jota Quest aparece hoje como a de um pop/rock brasileiro bem elaborado, coeso, de bom acabamento musical mas sem deixar de ser alegre e otimista.

De fato, a banda nunca soou tão bem e o mérito deve ser estendido ao veterano Liminha, produtor de "Até Onde Vai". "Libere a Mente", a faixa de abertura, é um convite para as pistas de dança, um funk com elementos eletrônicos e muito suingue que traz a participação especial de Evandro MC. "Sunshine in Ipanema" vem a seguir com sua sonoridade calcada no rock geração 80.

E saindo direto dos comerciais de TV para o novo disco, "Além do Horizonte" é mais uma versão jotaquestiana para um hit de Roberto Carlos de 1975.

Outra coisa que chama atenção é que a banda ampliou e diversificou suas parcerias musicais gerando resultados interessantes como a balada semi-acústica "Vou a Pé" ou o suingue black setentista de "Absurdo" com letra assinada por Lulu Santos.

O disco já está em todas as lojas e o Jota Quest deve estrear nova tournê no início de Novembro em São Paulo.