sábado, 2 de fevereiro de 2008

Remexendo os baús (1): resenhas de discos


É Carnaval, eu prefiro trabalhar!!!! Mas como o resto do Brasil parece não concordar comigo, estou recorrendo aos "velhos baús" da Revista Eletricidade e colocando aqui no blog algumas resenhas de discos, que já não estão mais no ar no site:

SIMPLY RED - SIMPLIFIED - (SOM LIVRE)

Chega às lojas o novo trabalho da banda britânica Simply Red, o nono da carreira e o primeiro pelo selo independente especializado em Jazz Verve. "Simplified" está sendo lançado no Brasil pela gravadora Som Livre.

A idéia por trás do disco é uma velha conhecida de nós brasileiros, desde que a "maré" de acústicos inundou o nosso mercado há alguns anos, já temos muita familiaridade com shows e discos que apresentam o repertório de hits de um artista de uma forma alternativa seja com instrumentos acústicos, sessões de cordas, orquestras inteiras ou apenas voz e piano/violão.

Assim como nos acústicos, a simplificação ficou só no papel e o que se vê na prática é a transformação de hits pop em delicadas e sofisticadas melodias, e talvez, de difícil assimilação para quem esperava o "arroz e feijão" do chamado disco de greatest hits ao vivo.

"Perfect Love", a faixa de abertura e a primeira das três inéditas do disco é Simply Red com "sotaque" cubano, tem um irresistível apelo dançante e conta com a participação especial da cantora Danae.

O arranjo do hit "Something Got Me Started" também recebeu um tratamento latino, mas de outra origem, em "Simplified" a música ficou com um certo ar de flamenco, com violão acústico e percussão.

Além da latinidad, o jazz foi outra fonte de inspiração, é o caso de "Fairground", por exemplo, que perdeu sua percussão e ritmo originais e ganhou uma versão mais cool.
Também não falta a tradicional versão cover, que aparece em quase todos os discos do Simply Red, em "Simplified" a canção escolhida foi "A Song For You" de Leon Russell que ganhou um clima "Frank Sinatra", no melhor estilo dos clássicos da música americana.

E falando em clássicos,"Holding Back the Years", "More" e "Sad Old Red" receberam versões muito próximas às gravações originais e devem agradar muito àqueles fãs que preferem ver suas músicas favoritas no formato em que elas foram criadas.


BARÃO VERMELHO - AO VIVO MTV - (WARNER MUSIC)

Um dos maiores nomes do rock brasileiro, o Barão Vermelho já tem 23 anos de estrada, uma carreira cheia de altos e baixos e idas e vindas, mas no balanço geral, uma trajetória de sucesso que merece, e muito, ser comemorada.

E nada como poder comemorar onde tudo começou, o lendário Circo Voador, cenário que ajudou a alimentar o rock brasileiro da geração 80, noite após noite, em shows que hoje fazem parte da História do rock Brasil.

O Barão, com certeza, faz parte desta História, com seu rock cheio de atitude, as letras maravilhosas de Cazuza e uma sonoridade que, ao vivo, passa como um trator, pesada e poderosa, por cima de tudo, sem deixar espaço para mais nada.

E é com este espírito que o Barão Vermelho coloca no mercado seu mais novo lançamento, "Barão Vermelho - Ao Vivo MTV" conseguiu capturar muito bem tudo que aconteceu naquela memorável noite de Agosto, no Circo Voador e agora coloca à disposição do público em três formatos possíveis, disco duplo, discos simples vol I e II e DVD.

No repertório, as músicas que sempre formaram a espinha dorsal de todas as apresentações do Barão e um passeio bem completo por todas as fases, que acabou trazendo de volta algumas raridades como, por exemplo, a faixa bônus, interativa do CD II, o blues "Quem me Olha Só".

Mas não são só as raridades que surpreendem, também os novos arranjos para músicas que sempre estiveram no repertório como "Pense e Dance" que está agora ainda mais "dançante" ou "Declare Guerra" com sua letra sempre atual.
"Codinome Beija Flor", a música de trabalho é um dueto inédito entre o Barão de hoje, com Frejat nos vocais e o do passado, com Cazuza, um diálogo emocionado e emocionante que começou a tocar nas rádios antes mesmo da chegada dos discos nas lojas.



BARBRA STREISAND - GUILTY PLEASURES (SOM LIVRE)

Em 1980, a cantora Barbra Streisand se uniu ao produtor, compositor e vocalista Barry Gibb e os dois juntos criaram Guilty, um verdadeiro marco da música pop, um disco que alcançou um sucesso popular de proporções até então inéditas, mesmo para duas carreiras musicais tão brilhantes quanto as deles.

Era o auge da música disco e os Bee Gees de Barry Gibb não só eram os principais artistas do estilo, como os maiores responsáveis pela revolução que trouxe a música para dançar direto do underground para as paradas musicais do mundo inteiro.

Como "Saturday Night Fever", "Guilty" também invadiu todas as paradas de sucesso, recebeu vários discos de platina e inúmeros outros prêmios, incluíndo o Grammy para a faixa título de melhor performance pop para dupla ou grupo.

E agora, 25 anos depois, quando músicas como "Guilty", "Woman in Love" e "What Kind of Fool" já se transformaram em clássicos definitivos, Streisand e Gibb resolveram repetir a façanha.

Com "Guilty Pleasures" a dupla mostra que continua em plena forma, pelo menos musicalmente, e cria mais uma vez o disco pop perfeito.

As baladas românticas ditam o clima e tomam conta do trabalho, mas também existe espaço para outros ritmos, até para a bossa-nova, uma das novas "paixões" musicais de Barbra aparece em Guilty Pleasures com "sotaque" latino, mas mesmo assim, com um sabor especial para nós, brasileiros, afinal não é sempre que se ouve uma "diva" como Barbra falando em dar uma "escapadinha" para o Rio de Janeiro, como na letra de "Hideaway".

Enquanto "Night of my Life" é para dançar, "Without Your Love" tem uma melodia de beleza clássica e poderia ter saido facilmente de algum musical da Broadway.


JOTA QUEST - ATÉ ONDE VAI (SONY/BMG)

Depois do sucesso arrasador do "MTV Ao Vivo", que acabou rendendo um segundo disco ao vivo "Rio de Janeiro, 28/01/2005"; a banda Jota Quest mostra que está se aproximando da maturidade musical com seu novo trabalho, "Até Onde Vai".

Há 12 anos na estrada, os mineiros do Jota Quest começaram sua carreira na cena noturna de Belo Horizonte, mostrando um repertório carregado de
influências da black music americana e do pop/rock brasileiro geração 80.

Com a evolução da banda, estas influências foram naturalmente se diluindo e transformando-se em elementos secundários dentro da personalidade musical do Jota Quest.

A sonoridade do Jota Quest aparece hoje como a de um pop/rock brasileiro bem elaborado, coeso, de bom acabamento musical mas sem deixar de ser alegre e otimista.

De fato, a banda nunca soou tão bem e o mérito deve ser estendido ao veterano Liminha, produtor de "Até Onde Vai". "Libere a Mente", a faixa de abertura, é um convite para as pistas de dança, um funk com elementos eletrônicos e muito suingue que traz a participação especial de Evandro MC. "Sunshine in Ipanema" vem a seguir com sua sonoridade calcada no rock geração 80.

E saindo direto dos comerciais de TV para o novo disco, "Além do Horizonte" é mais uma versão jotaquestiana para um hit de Roberto Carlos de 1975.

Outra coisa que chama atenção é que a banda ampliou e diversificou suas parcerias musicais gerando resultados interessantes como a balada semi-acústica "Vou a Pé" ou o suingue black setentista de "Absurdo" com letra assinada por Lulu Santos.

O disco já está em todas as lojas e o Jota Quest deve estrear nova tournê no início de Novembro em São Paulo.

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