segunda-feira, 28 de maio de 2007

Show de Barbra Streisand barrado na Itália


A apresentação que abriria a tournê européia da cantora Barbra Streisand em Roma foi cancelada por entidades italianas que defendem os direitos de consumidor.

Longe dos palcos há seis anos, quando anunciou sua "aposentadoria" das apresentações ao vivo, Barbra voltou a estrada em Outubro do ano passado em uma série de shows beneficentes nos EUA.

As apresentações foram marcadas pela polêmica, fazendo longos discursos anti-Bush, a cantora ainda encenava todas as noites um diálogo com um ator caracterizado como presidente.

Segundo a BBC, as entidades Adusbef e Codacons emitiram uma nota na qual afirmam que o "estádio de 24 mil lugares é uma propriedade pública e não pode ser usado em acordos imorais e vergonhosos para qualquer país civilizado".

Os preços que geraram os protestos variavam entre 150 e 900 Euros (de 392 a 2350 reais pelo câmbio de hoje).

As demais apresentações pela Europa, a maioria na Grã-Bretanha, continuam confirmadas e com todos os ingressos esgotados.


Enquanto isso no Brasil...


Embora o Brasil esteja de fora da tournê da Diva, seria bom que prestássemos muita atenção a este incidente.

Por aqui, assistir a um show internacional, além de ser muito caro acaba se traduzindo numa verdadeira "tortura" para o público.

Qualquer pessoa que já tenha se "aventurado" a tentar ver seus artistas internacionais favoritos sabe que serão horas de fila para comprar ingressos caros, com acréscimos de taxas de conveniência (que conveniência?) para depois assistir ao show, se conseguir, massacrado no meio de uma multidão em locais super-lotados (será que alguém fiscaliza isso?), sem condições de receber ninguém, pois não tem banheiros, segurança ou estacionamentos apropriados.

Já está mais do que na hora do público brasileiro entender que pode e deve dizer NÃO! Só depende de nós...

domingo, 27 de maio de 2007

Poder Além da Vida




Esqueçam o título em português, a idéia dele era só a de tentar atrair aquele público brasileiro interessado em espiritualidade que transformou em sucesso filmes como "Amor Além da Vida".

Este aqui, na verdade, é baseado no livro autobiográfico "Way of the Peaceful Warrior: A Book that Changes Lives", lançado no Brasil em 92 pela Editora Pensamento, como "O Caminho do Guerreiro Pacífico" (Obrigada Regina), conta a história do ginasta Dan Millman (Scott Mechlowicz) em sua preparação para as etapas classificatórias para os Jogos Olímpicos e a ajuda preciosa que recebe de um Guru inusitado vivido por Nick Nolte.

No formato, lembra um pouco os filmes da série "Karatê Kid", onde um mestre usa as pequenas tarefas do dia-a-dia para treinar o pupilo na nobre arte do Karatê.

A diferença é que em "Poder Além da Vida" a história de superação é baseada em fatos reais. Para ser visto devagar, refletindo sobre cada um dos toques conscienciais.


Para saber mais:

Home page do autor Dan Millman

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Viagens Alucinantes



Quando o cientista Eddie Jessup, vivido por William Hurt, esbanjando talento em sua estréia no cinema, encontra uma câmara que possibilita o total isolamento sensorial nos porões da Universidade onde trabalha, decide testar em si mesmo uma série de teorias suas para o tratamento da esquizofrenia.

Mas ao iniciar sua pesquisa, Eddie esbarra em informações ainda mais espantosas e para tentar compreender suas novas descobertas sai em busca de uma poderosa droga alucinógena usada por Xamãs mexicanos.

O filme de Ken Russell, apesar de produzido em 1980, tem bons efeitos especiais e um visual que evoca grandes obras de gênios das artes plásticas como Salvador Dali.

Mas a sua principal qualidade é a de mostrar uma experiência de regressão a vidas passadas, um tanto quanto exagerada como convem ao estilo de Russell, definitivamente no mundo material, mas de qualquer forma bastante intrigante.
Assustador, provocativo e imperdível.

domingo, 20 de maio de 2007

Pipa Amarela


Naquela manhã ainda sem sol, Clara despertou com uma sensação muito estranha. Um pouco mais agitada do que o normal, não sabia bem porque, mas as coisas já começaram de uma forma errada quando a campainha estridente do despertador carregou consigo todas as cenas de seu sonho.

Aquilo para Clara era muito ruim, não só pelo susto, seu coração estava disparado como se tivesse corrido vários quarteirões, mas porque estava gostando muito de um exercício que aprendera recentemente com um professor da faculdade de psicologia.

- Anote todos os seus sonhos - ele sempre repetia a instrução em suas aulas - Esta anotação vai ajudar que você entenda a linguagem simbólica do seu inconsciente....
Desta vez ela sabia que tinha sonhado, sabia que o "recado" do inconsciente era importante, mas não conseguia lembrar-se de nada.... Restava apenas levantar da cama e correr, porque a esta altura, ela já estava atrasada.

Correu até o banheiro e de lá, para o trabalho; sem tempo nem para o café, mais um longo e tedioso dia se apresentava com uma chuvinha fina e gelada batendo contra a janela do ônibus lotado.

- Inferno! Todos os dias, a cena era a mesma e Clara se perguntava mais uma vez por que fazia isso e para quem.

Mas a manhã até que passou rápido e para sorte de Clara, com poucos incidentes. Apenas seu chefe passou por ela, com cara de poucos amigos, anunciando que a reunião no Rio de Janeiro com a diretoria da empresa havia sido cancelada porque o aeroporto estava fechado mais uma vez.

- O que mais falta acontecer? pensava Clara, quando viu o homem molhado e meio desgrenhado, atravessar sua sala bufando.

A sua pergunta foi respondida rápido; na hora do almoço, mal chegou ao restaurante, não demorou mais de um minuto para perceber seu ex-namorado se aproximando no meio de um grupo de amigos barulhentos que "abaixaram o volume" da conversa quando a notaram por perto.

Enquanto entrava na fila para escolher sua refeição no buffet, Clara pensava em como sua vida vinha mudando nos últimos tempos, primeiro foi seu final de namoro, ao mesmo tempo em que saiu o financiamento de seu apartamento e finalmente ela estava morando sozinha.

No trabalho, Márcia, sua melhor amiga, tinha mudado há duas semanas para o Rio de Janeiro; elas ainda mantinham contato por celular e pela Internet, mas ela fazia muita falta, especialmente, em momentos como este.

A hora do almoço passou muito rápido, e quando já estava saindo do restaurante, Clara viu uma mulher carregando um lindo arranjo de orquídeas amarelas e isso trouxe imediatamente para sua cabeça uma imagem do sonho da noite anterior, aquele que ela julgava perdido para sempre, e ela viu de novo a amiga Márcia olhando pela janela e apontando para uma pipa amarela enquanto na outra janela, uma onda gigantesca se aproximava pronta para destruir tudo.

- Nossa!? Mas não era só isso - pensava Clara no caminho de volta para o escritório.
E não era mesmo, quando o celular tocou, ela lembrou-se que o sonho continuava, mas em um cenário bem mais simples, ela andando pela calçada, enquanto conversava com a amiga no celular.

- Alô? Márcia, estava pensando em você agora mesmo.

- Oi Clara, tudo bem por aí?

- Oi Márcia, tudo... ah! Nossa! Que engraçado! Agora que você me ligou, acho que estou tendo um deja vu, sonhei que estava conversando com você no celular, na noite passada.

- É mesmo? Que sonho? Perguntou a amiga já rindo da coincidência.

- Não sei direito... primeiro você estava me mostrando uma pipa amarela voando no céu...

- Ah, fala sério Clara, pipa? É ruim, hein...

- É, mas tinha uma onda gigante, vindo do outro lado...

- Ah! Isso tem mesmo, estou em Copacabana, olhando para o mar...

- Isso! "Pisa"! Tem outra aqui, de lama, que eu preciso pular para atravessar esta rua...

- Bom, mas depois da pipa, tinha esse outro sonho?

- Ai meu Deus, espera, que eu estou lembrando agora... A ligação caia e....

- Marcia? Alô? Márcia?

- Que estranho, a ligação caiu, igual no sonho - dizia Clara para si mesma, meio espantada com a coincidência e discando o número do celular da amiga.

- Alô? Márcia?

- Alô - respondeu uma voz masculina no telefone da amiga - Quem está falando?

- Oi, aqui é a Clara, estava falando com a Márcia, este é o celular dela, não é?

- É sim... a senhora é parente dela?

- Não, ela é minha amiga, mas quem está falando?
- Aqui é o Carlos, moça, a senhora fica calma, porque estava tendo um tiroteio aqui e a moça do celular...

- Acabou de ser baleada.... interrompeu Clara, recuperando em um flash toda a memória de seu sonho.

Só exercitando minha "musculatura" ficcional, espero críticas e comentários....

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Isto é só o fim



O mundo acabou? Acredito que ainda não, nem vai tão cedo, embora o aquecimento global causado por nós mesmos, seres humanos, deva complicar bastante as coisas por aqui de agora em diante.

Mas o fato é que não importa a cultura ou época, sempre nos deparamos com lendas sobre o final dos tempos e o cinema, como espelho destas culturas, acabou retratando em inúmeras versões o final da humanidade, como a conhecemos.

Entre as décadas de 50 e 80, a Guerra Fria rolava solta e as armas de destruição em massa eram nucleares. O fim era iminente, a qualquer momento URSS, ou os bandidos, apertariam o fatídico botão vermelho destruíndo os EUA, ou os mocinhos; e este terror só poderia ser evitado se algum herói bravo e altruísta conseguisse com muita técnica e sacrifício parar a contagem regressiva.

No início, nada tão explícito assim, para evitar maiores problemas com o inímigo vermelho, que não podia nem sonhar que estava sendo criticado e temido, ele era substituído nas telas por alienígenas, como em "A Guerra dos Mundos" (53), "O Dia Em Que a Terra Parou" (51) e "Vampiros de Almas" (56) este último uma pequena jóia do suspense, que ainda critica subliminarmente a paranóia macartista em sua busca alucinada por "inimigos" em solo americano.

Nos anos 60, com efeitos especiais mais ousados e com o "perigo" comunista muito próximo do solo americano; já que Cuba agora era "um deles", o cinema coloca a questão da Guerra Fria mais explicitamente nas telas e James Bond, o agente 007, embora britânico, passa a representar o herói que se sacrifica para manter a ordem das coisas.

Hoje estas tramas parecem bem envelhecidas mas ainda vale a pena dar uma olhada em "O Satânico Dr No" (62) "Moscou contra 007"(63) e "007 Contra a Chantagem Atômica"(65).
Também não podem ficar de fora duas verdadeiras aulas de cinema do mestre Alfred Hitchcock: "Intriga Internacional" (59) e "Cortina Rasgada"(66).

Para rir de tanta paranóia, nada como ver a excelente sátira com o ator britânico Peter Sellers, genial em "Dr Fantástico"(64), que rendeu sua primeira nomeação ao Oscar.

O tempo continuou passando, os efeitos especiais e a técnica de cinema continuou progredindo, mas a condição humana na sua expectativa por um final trágico para a humanidade continuava a existir.

Nos anos 70, a sétima arte descobriu que o público gostava mesmo era de ver grandes catástrofes e filmes como "Inferno na Torre" (74), Terremoto (74), O Destino do Poseidon (72) e a série Aeroporto (75 a 80) eram muito bem recebidos nos cinemas.

Enquanto isso, o tema do fim do mundo voltava à baila de uma forma mais discreta e apelo religioso em filmes como "O Bebê de Rosemary" (68) e especialmente a trilogia A Profecia (76); o que se mostra são os sinais do fim do mundo dentro da mitologia bíblica.

No final dos anos 70 e início dos 80, quando a tecnologia passou a dar ainda mais poder às já terríveis armas de destruição em massa, o comentário era de que cada um dos lados da contenda Capitalismo x Comunismo, teria a capacidade de destruir todo o mundo diversas vezes.

Hollywood então resolveu tomar partido e mostrar quais seriam os resultados práticos da "loucura armamentista"; um filme para a TV "O Dia Seguinte" (83) acrescentou ao imaginário popular cenas explícitas da destruição nuclear, conseguiu fazer o que anos de protestos e manifestações anti-bomba não conseguiram, reabrir as negociações sobre desarmamento.
Outro, nos mesmos moldes, foi o excelente Jogos de Guerra (83), a história contava como um garoto curioso acabava conseguindo penetrar nos computadores da defesa americana, quase causando um holocausto nuclear.

Com o final da Guerra Fria, que também coincidiu com o fim da década de 80, e a superação da ameaça de destruição nuclear, os cineastas começaram a busca por outras formas de destruição, já que o tema nunca deixou de render boas bilheterias:
Armageddon (98) e Impacto Profundo (98) apostaram em asteróides colidindo com a Terra.

Enquanto Independence Day (96) ressuscita os alienígenas, desta vez não mais como uma tentativa de "demonizar" outras culturas, mas como uma resposta pessimista a uma enxurrada de filmes com alienígenas bonzinhos que começou na década anterior com filmes como "ET- O Extraterrestre" (82) e "Starman" (84).

Com a aproximação do ano 2000, os temas religiosos deram novamente o ar de sua graça e filmes como "A Sétima Profecia" (88) e O Fim dos Dias (99); exploravam o terror na catástrofe iminente; baseada na crença de até então de que o "prazo de validade" de nosso planeta vencia no ano 2000.

O primeiro ano da nova década veio e se foi, sem maiores incidentes, mas uma outra catástrofe de enormes proporções, acabaria acontecendo na vida real em Nova York, provocada pelo Terrorismo em 2001.

Outra grande tragédia humana, o Tsunami, uma onda gigante que provocou muita destruição em 2004, acendeu uma nova discussão, a do final do mundo causado por mudanças climáticas. Em "O Dia Depois de Amanhã" (2004) uma nova Era Glacial se inicia provocada por uma mudança na inclinação do eixo terrestre.

Assustadores ou não, mesmo quando seus roteiros refletem em algum nível, um conflito real, os filmes sobre o final do mundo são pura e simples ficção, sem qualquer pretensão a tomar para si mesmos a função de prever concretamente qual o futuro da humanidade.
Porém, recentemente, em 2006, um filme chamou atenção e levantou novamente o debate sobre o futuro da humanidade; infelizmente para todos nós, o roteiro não tem nada de ficcional. "Uma Verdade Inconveniente" levou o Oscar de melhor documentário e mostra de forma bem clara as conseqüências de nossa total falta de responsabilidade e respeito com a Natureza.

Os resultados já estão sendo sentidos e nesta história não tem mocinhos altruístas para salvar o planeta, somos todos bandidos.

::::Todos os filmes citados neste artigo estão disponíveis para venda originais em VHS. Maiores detalhes favor entrar em contato.

domingo, 13 de maio de 2007

Assombração



Uma escritora de sucesso tem apenas o título para seu novo livro, "Assombração", mas ainda não conseguiu definir qual será exatamente a história que ele irá contar. Assim começa, Assombração (Gwai Wik-2006), mais um filme da excelente safra de terror/suspense produzido no Oriente pelos irmãos Pang, os mesmos de "The Eye - A Herança" (2005).

Quando começa a escrever, Ting-Yin (Angelica Lee Sinje), sem querer, acaba abrindo uma passagem para um mundo muito estranho por onde vagam muitos espíritos.

E é neste mundo estranho que Ting-Yin irá aprender lições importantes sobre amor, abandono e até consciência ecológica.

Com seu clima onírico, o filme também aceita outras leituras que fogem ao modelo espiritualista mais óbvio e superficial. Seja qual for sua escolha para explicá-lo, o filme vale a corrida até a locadora mais próxima.

quinta-feira, 10 de maio de 2007

O Papa está no Brasil e o que é que eu tenho com isso?


Em uma tarde fria, São Paulo recebe com festa o Papa Bento XVI em sua primeira visita oficial ao Brasil. A principal figura do Catolicismo vem ao país em um momento crucial para a Igreja Católica em sua tentativa desesperada de continuar assegurando a sua posição de influência no País.

Isto sim merece uma festa! Já era tempo da sociedade brasileira deixar um pouco de lado os melindres hipócritas levantados pela religião e colocar seu foco na solução de problemas de saúde pública gerados por eles.

Este é o século XXI, a Inquisição que o Papa chegou a chefiar em sua época como Cardeal já não está mais autorizada pelos governos instituídos a queimar cidadãos em praça pública.
A Igreja, no máximo, pode ameaçar com a excomunhão e o Inferno, coisas que por incrível que pareça ainda usa como armas; em entrevista coletiva, já a caminho do Brasil, o Papa andou declarando que os políticos mexicanos que aprovaram a lei sobre o aborto deveriam ser excomungados, provocando um grande mal-estar entre jornalistas e assessores de Imprensa do Vaticano.

Chegando aqui, a conversa não mudou e o "simpático" Bento XVI continua batendo na mesma tecla e ainda faz questão de disparar suas críticas para outras questões como o divórcio e a pesquisa com células tronco.

Como se não bastasse, a visita do Papa está custando alguns milhões aos cofres públicos e estes sabemos de onde sairam... nosso defasado e sempre desrespeitado bolso.

O Neo-Narcisismo Pós-Hedonista - Silicone e Negação


Meu professor de Transpsicanálise, André Keppe, costuma dizer que esse momento, digamos, "cultural" da história ocidental pode vir a ser classificado, no futuro, como "período neo-narcisista". Eu acrescentaria um "pós-hedonista".
Vivemos um grande "neo-narcisismo pós-hedonista".

O antigo culto ao corpo implicava, pelo menos, melhorar o que se tem. Agora, o próprio corpo tornou-se um produto a ser adquirido - cabelos, seios, cinturas - para ingressarmos no mercado do "amor". Nele, bons investidores conseguem adoração, independência financeira ou substituto de auto-estima até a próxima estação de neo-prostituição. Se o amor é mercado, preciso ser bem de consumo, moeda de troca, e a embalagem é fundamental.

Fico imaginando como serão os cemitérios do futuro. Precisarão ter caixinhas de restos mortais maiores, para acomodar as bolsinhas de silicone da bunda e peitos da titia que "descascou".

Ainda bem que silicone é inflamável: Com um pouco de fogos de artifício, poderemos vir a ter rituais pirotécnicos nas futuras cremações. Mas isso se houver família para administrar restos mortais.

No pós-hedonismo da geração que ligou o dito "botão de foda-se", os filhos (mal) criados, sem limites, tornam-se pequenos ditadores domésticos. Educamos, se é que se pode usar esta palavra, um exército de psicopatas, crescendo em um país em crise, voltados para o próprio seio. Ou para o próprio umbigo, já que "seus" seios são artificiais.

Pensando bem, esta geração do "cada um com seus problemas" não terá senso comunitário suficiente para cuidar de "restos", ainda que mortais... Como ativista do Greenpeace, sou obrigado a alertar: do jeito que vai o meio ambiente, a campanha da fraternidade de 2050 pode ser: "recicle o silicone de sua avó".

E tome malhação. E tatuagens excessivas, afinal tudo que não queremos é mostrar a própria "pele". Nada mais simbólico do enchê-la também de furos: A motivação inconsciente do modismo dos piercings me faz lembrar dos pacientes de relatos clássicos da psicanálise, que retalhavam a pele como forma de deixar "alguém preso" sair - aliviando assim sua angústia pessoal. Estariamos fazendo o mesmo, coletivamente, com nossa angústia existencial?

Hoje, é preciso construir outra persona, ilusória. Tatuagens e plásticas são bem vindas, em cima de músculos forçadamente adquiridos em sessões excessivas de academia, não raro diárias. Combinações perfeitas para os silicones e anabolizantes dos que consomem, narcisisticamente, sua inclusão no novo mundo do prazer.

Há também os aditivos do prazer: Em um mundo hedonista que não perdoa falhas, as drogas de maior faturamento no planeta são os anti-depressivos... e auxiliares da ereção!!! Seguidas pelo Ectasy, no mundo ilegal. Coincidência?

Enquanto isso, nas "comunidades" de redes de relacionamento virtual, uma série de sintomas patológicos, intolerâncias e extremismos são assumidos como se fossem características da personalidade. Para quê meio-termo em um mundo de exageros? O importante é "ter atitude", muitas vezes um eufemismo para comportamentos maníacos - alguns deles, bipolares, graças ao Prozac "receitado" por ginecologistas ou clínicos gerais após extenso "exame psicológico" de 15 minutos.

Se alguém estiver triste ou reflexivo, "conserta-se". Não se questiona a sociedade, adapta-se a ela. Terapias instantâneas alienantes proliferam-se, em lugar da análise. Não há tempo a perder, mudando o comportamento já está bom. Se algo der errado adiante, o paciente siliconado que "consuma" a terapia outra vez.

Jung, que faleceu em 1961, previa estarmos criando uma sociedade patológica, onde o excesso do consciente / material / aparente sobre o inconsciente (integrado) / espiritual / subjetivo reproduziria a própria estrutura da neurose, a ponto de perdemos a coincidência dos limites entre saudável e normal.
E hoje, alternando entre neuroses e psicoses, evoluimos para uma sociedade... "borderline".

Neste cenário, para quê se comprometer, atravessar dificuldades ou perdoar? Vamos "ficar", que a fila anda. Se não for divertido, não fazemos mais. "Amor" descartável, comprado pela aparência, voltado ao prazer.

A questão é que o narcisismo individual favorece o comportamento egocêntrico, descontinuidade afetiva e instabilidade emocional. Tornando-se um modelo coletivo de "normalidade", bem como um diferencial de inclusão afetivo social, construiu uma sociedade de "cada um por si", relacionamentos descartáveis, aqui-agora, perdas constantes, onde não há "culpa" (leia-se: responsabilidade)sobre o que se prometia - ou exigia.

A mídia molda o indivíduo, refletido coletiva e patologicamente na "sociedade", e esta não precisa mais da parte para se perpetuar. Não é apenas um silicone ou academia: estes são realimentação de algo maior anterior.

Neo-narcisismo pós-hedonista. Viva o corpo e o prazer, pra ver se isso aplaca, no que "tenho" e "estou", a angústia do que não consigo "ser".

Imagem é tudo. A fila anda. Tudo pelo prazer. Vamos à academia trabalhar anabolizantes e silicones, perseguindo um "modelo" distante da saudável exequibilidade, salvo consumo adicional. Precisamos estar bem para mostrarmos nossa nova pele tatuada e furada, ferida na alma, para o amor descartável que temos que conquistar hoje... antes de deixarmos amanhã, na primeira dificuldade ou novo prazer, assim que a "fila andar".

Lázaro Freire (indo para a academia, consultando as promoções no guia de estilo, e pensando se vale mais a pena - para ser "amado" - comprar um sorriso "perfeito", um implante de cabelos... ou um kit de "alongamento e potência" para um outro lugar)


Para ler mais textos do Lázaro Freire:


"Pipoquei" neste texto de meu amigo Lázaro Freire que coloca em palavras tudo aquilo que já andava rodando aqui na minha cabeça sobre essa preocupação excessiva com o "pacote", deixando o "conteúdo" totalmente abandonado!

segunda-feira, 7 de maio de 2007

O Papa no Brasil!


O Papa chegou ao Brasil e uma Mercedes com motorista iria trazê-lo do aeroporto de Viracopos, em Campinas, para São Paulo.

Na Bandeirantes, o motorista vinha dirigindo muito lentamente quando o Papa pediu-lhe que corresse mais.

Mas, recebeu como resposta uma negativa, porque não poderia andar rápido, por haver muitos guardas na estrada.

Então, o Papa mandou que ele parasse o carro e disse que dali em diante ele mesmo dirigiria, mandando o negão pro banco de trás.

Quando estava a 180km/h, não deu outra, foi parado por um policial.
O guarda pediu-lhe os documentos.

Ao ler os documentos dados pelo papa, ele foi até o seu superior que estava na viatura e disse:

- Chefe, o homem é muito importante, é dos graúdos.

O chefe falou:

- Se é o governador? Pode multar!

- Não. É mais do que isso. Respondeu o guarda.

- Então, é o presidente? Pode multar também, que não tem perdão!

- Não! Disse o guarda. Acho que é bem mais do que isto, chefe.

- Porra, quem é? Pra ser mais importante que o presidente?!?!?!

- Para falar a verdade, chefe, eu acho que é São Benedito, pois só para o senhor ter uma idéia, o motorista dele é o Papa!



(Desculpa a piadinha, pessoal, não resisti)

O Círculo do Cinema Espiritual



Não é necessário pesquisar muito para perceber que os temas espirituais têm ocupado um lugar de cada vez mais destaque no cinema que é feito em Hollywood e pelo mundo afora.

Se não levarmos em consideração o lado mais filosófico ou religioso sempre associados a espiritualidade humana, estaremos testemunhando aqui uma revolução silenciosa, onde fantasmas, monstros e psicopatas que povoavam as mais diversas tramas estão sendo substituídos por espíritos obssessores, reencarnações de personagens malignos, ou pessoas comuns simplesmente vivendo problemas depois da morte.

Filmes como "Além da Eternidade", "Amor Além da Vida", "A Fonte da Vida", "O Mistério da Libélula", "A Última Profecia", "O Sexto Sentido", "E Se Fosse Verdade", entre outros, estão trazendo para o público uma nova abordagem dos conflitos do ser humano, visto agora não só em sua condição material, como espiritual.

Com o interesse crescendo por esta temática, foi fundado nos Estados Unidos o "Spiritual Cinema Circle" (Círculo do Cinema Espiritual). Nos moldes do antigo "Círculo do Livro", os associados pagam uma taxa mensal para receber todos os meses em sua casa os melhores títulos espiritualistas, além de documentários e filmes de curta metragem.

O projeto nasceu da colaboração entre o produtor Stephen Simon e os psicólogos Kathlyn e Gay Hendricks. Stephen é o responsável por alguns dos títulos favoritos do gênero como "Em Algum Lugar do Passado" e "Amor Além da Vida"; enquanto o casal Hendricks criou e administra o Hendricks Institute, uma entidade sem fins lucrativos que auxilia pessoas com problemas de relacionamento.

Tudo começou durante uma meditação de Gay Hendricks em 2003: "De manhã, durante a meditação, eu tive um insight de como eu poderia criar uma comunidade de "amantes-do-cinema" que poderia mudar o mundo. A idéia surgiu em um instante, existem filmes maravilhosos e inspiradores feitos ao redor do mundo por produtores criativos, mas a que pouquíssimas pessoas acabam tendo acesso, já que Hollywood não os distribui por não acreditar que exista um mercado para filmes com "coração e alma". Ao mesmo tempo existem milhões de pessoas que não vão mais ao cinema porque estão cansados da violência e falta de conteúdo do material típico de Hollywood. Por que não podemos ir aos festivais de cinema encontrar os filmes de temática espiritual que Hollywood ignora e trazê-los diretamente para a casa das pessoas em DVD?"


Para saber mais:


The Spiritual Cinema Circle

The Hendricks Institute

Breve aqui neste espaço uma lista completa de filmes de temática espiritual

terça-feira, 1 de maio de 2007

Listas e mais listas



Adoro fazer listas... melhores do ano, músicas mais românticas, mais tristes, para festas... enfim... as possibilidades são infinitas.

Sei que este hábito não é só meu, até mesmo livros tem sido publicados com estas listas e sobre elas. Uma boa referência para quem quer ter uma idéia deste universo é o livro "Alta Fidelidade" do escritor Nick Hornby.

Mas estou dizendo isso porque acabo de cruzar com uma delas no site da revista Rolling Stone, edição americana.

Não é nova, foi publicada originalmente em 2004, e traz as 500 melhores músicas de todos os tempos eleitas pelo time de jornalistas da revista.

Já nos 100 primeiros lugares, eu diria que muito pouco ou quase nada do que está ali figuraria na minha lista de melhores.

Ok, Beatles e Bob Dylan são ótimos, mas não consigo achar que são melhores do que Stones ou Led Zeppelin, só para começar, e eles se revezam em boa parte das primeiras posições.

A música melhor classificada do Led Zeppelin nesta lista é Stairway to Heaven na posição de número 31. Ora, nem só não acho esta balada a melhor música do Led, quanto também acho totalmente injusto que uma das melhores bandas que já existiu não tenha nenhuma de suas diversas obras primas entre as 10 primeiras posições.

Os Stones estão em segundo com "Satisfaction", é uma música meio óbvia, mas não é melhor do que "Gimme Shelter" que ficou na posição de número 38.

Em tempo... o número um para a revista é "Like a Rolling Stone" de Bob Dylan...

Para saber mais:

500 best songs - Rolling Stone