segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Paul McCartney - ex-Beatle empolga fãs em show morno



O ex-Beatle Paul McCartney apresentou-se na noite passada no Estádio do Morumbi em São Paulo para 64 mil pessoas, em mais um show da sua "Up and Coming Tour"; que está na estrada desde março/2010 e termina hoje, no segundo show em São Paulo, depois de passar por 8 países.

Em um enorme palco com 63 metros de largura e 22 de altura, telões gigantes ajudavam a criar o clima para cada música e traziam as imagens de Paul para mais perto da multidão que vibrava a cada gesto do músico, que respondia ao entusiasmo da plateia com sorrisos e frases em português, retiradas certamente dos tantos teleprompters espalhados pelo palco.

Além da simpatia, Sir Paul McCartney tem a seu favor uma grande generosidade musical; com uma setlist que revisita seus 40 e tantos anos de carreira, ele tocou ao todo 35 músicas, retornando duas vezes ao palco para o bis.

Aos 68 anos de idade, a voz não é mais a mesma, falhando em alguns momentos, o que não chega a comprometer o prazer do público que acompanhava hipnotizado cada um de seus movimentos.

A banda que acompanha Paul é competente, sem ser brilhante e parece na verdade padecer da ausência de espaço livre para criar fora da disciplina "redondinha" do espetáculo, o que musicalmente acaba significando shows absolutamente identicos.

E é nesse ponto que tudo fica um pouco perturbador. Sem um mínímo de espontaneidade para apresentar ao público, até mesmo os momentos em que supostamente a emoção deveria rolar mais solta, ela parece seguir "marcações" rígidas demais e nos sentimos diante de apenas mais um dos tantos franchisings de espetáculos da Broadway que hoje andam espalhados pelo mundo, ou o tal do sanduiche padrão daquela lanchonete que tem filiais no mundo inteiro.

Não importa onde, o sabor será sempre o mesmo... e aquilo que pode até ser positivo no ramo da culinária, significa a morte completa da criatividade na música.

Uma pena, porque talvez ainda exista no velho Beatle muita música para acompanhar a simpatia.

E antes que eu termine... já passou da hora dos fãs da música mobilizarem-se contra a cobertura feita pela Rede Globo dos grandes shows internacionais.

Ontem, não sei quem eles mandaram para escolher os supostos "melhores momentos" do show, mas eu tranquilamente trocaria coisas como "Band on the Run" e "Obla Di Obla Da" por "Eleanor Rigby", "Something", "Hey Jude"... ou algo nessa região... ou não?

Confira o setlist:

1.Venus and Mars Rockshow
2.Jet
3.All My Loving
4.Letting Go
5.Drive My Car
6.Highway
7.Let Me Roll It
8.Long and Winding Road
9.1985
10.Let Me In
11.My Love
12.I’ve Just Seen A Face
13.And I Love Her
14.Black Bird
15.Here Today
16.Dance Tonight
17.Mrs Vanderbilt
18.Eleanor Rigby
19.Something
20.Sing The Changes
21.Band On The Run
22.Obla Di Obla Da
23.Back In The USSR
24.I Gotta Felling
25.Paperback Writer
26.A Day In The Life
27.Let It Be
28.Live And Let Die
29.Hey Jude
Bis
30.Day Tripper
31.Lady Madonna
32.Get Back
Bis
33.Yesterday
34.Helter Skelter
35.Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Comer Rezar Amar - Passeio ao invés de auto-descoberta



Liz Gilbert (Julia Roberts) é uma jornalista que escreve sobre turismo e de um momento para o outro decide que precisa mudar de vida.

Pede divórcio do marido (Billy Crudup) e depois de uma crise ainda pior, que termina com seu novo relacionamento com o ator David (James Franco); decide dar a si mesma um ano longe de tudo, estudando italiano, na Itália, fazendo meditação na Índia e finalmente retornando à Bali, aonde um curandeiro havia lhe prometido ensinar tudo o que sabia em troca de aulas de inglês.

Baseado no best-seller de auto-ajuda, homônimo, escrito por Liz Gilbert, que mostra o caminho percorrido pela autora rumo a plenitude; o filme tem antes de mais nada um fortíssimo apelo visual.

O diretor Ryan Murphy, o mesmo da série Glee, que também participou da adaptação do roteiro optou por não mergulhar muito fundo em maiores questionamentos filosóficos, religiosos e até mesmo psicológicos e o resultado é que ao invés de mostrar a viagem de auto descoberta, o que o filme acaba mostrando mesmo é turismo filmado.

E nesse aspecto dá show de imagens, da velha Roma com suas ruínas milenares à natureza multicolorida de Bali, passando antes pelo exotismo da Índia, tudo é bom de ver, mas parece um tanto raso, quase sem razão de ser.

E despido de seus aspectos mais profundos, o roteiro parece uma imensa colcha de retalhos, com personagens de forte carga dramática, como Richard (Richard Jenkins), que no filme acaba fazendo pouco mais do que uma "figuração" de luxo.

O próprio Javier Bardem, um excelente ator espanhol, domina muito bem seu personagem, Felipe, mas parece ter muita dificuldade para falar português; que não é a língua dele, faltou à produção aquele capricho extra que garantiria ao ator a segurança na hora de usar o idioma.

Como em Glee, existe uma boa trilha sonora marcando os bons momentos do passeio, mas infelizmente, não é sufciente para as expectativas geradas "no papel" por uma super produção, com um elenco do primeiro time, baseada em um dos livros favoritos de muita gente pelo mundo afora.