quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Os 20 anos de Unledded



Se existe um disco que eu acredito lidera a lista dos que eu jamais conseguiria me separar, este disco é "Unledded - No Quarter", da dupla Jimmy Page e Robert Plant.

E como este disco está completando 20 anos de gravação, resolvi pesquisar um pouquinho sobre o assunto e o resultado é este post, escrito com muito amor por este trabalho que foi o maior responsável por eu ter me apaixonado pelo Led Zeppelin, "centenas de anos" depois do final da banda.

O ano era 1994 e Robert Plant fazia uma turnê de divulgação do seu disco "Fate of Nations" por aí, chegou até a passar pelo Brasil, durante o extinto festival "Hollywood  Rock".

Um ano antes, em 93, ele criticava para quem quisesse ouvir  o fato de Jimmy Page ter escolhido David Coverdale como vocalista para um novo trabalho, o disco "Coverdale Page", que,  no papel,   tinha um enorme potencial para fazer a carreira do ex-parceiro decolar novamente.

Mas na prática ficou muito aquém das expectativas e revelou-se um desastre logo de saída, quando os poucos shows da dupla, no Japão, se mostraram bem distantes do que se esperava. Dizem, em parte, pela insistência de David Coverdale de tentar cantar músicas do Led Zeppelin sem ter o material vocal necessário,  provando definitivamente que as críticas que Plant fazia não eram assim tão sem sentido.

Mas do lado de Robert Plant, as coisas  não íam tão bem assim, com a sua turnê do disco "Fate of Nations" fazendo muito menos sucesso do que ele esperava, a chegada de um convite da MTV, para realizar um "Acústico", pareceu um projeto que poderia ajudar a melhorar o panorama. Afinal, os tais programas tinham feito bem a carreira de muitos veteranos como Rod Stewart, Eric Clapton e Neil Young experimentaram verdadeiros renascimentos depois de lançarem seus acústicos.

Mas veio do empresário de Plant, Bill Curbishley, que na época também empresariava Jimmy Page, a ideia de trazer o guitarrista para o projeto.

O primeiro encontro entre ambos aconteceu ainda em 93 e Plant não foi para ele com as "mãos abanando"; levou algumas fitas com loops que tinha encomendado ao produtor francês Martin Meissonnier, especialista em música do Norte da África. Queria criar material novo ao lado do antigo parceiro e a partir dos coloridos sons árabes, os dois fizeram "Wah-Wah", "City Dont Cry" e "Yallah".

A outra música inédita, "Wonderful One" era uma balada romântica maravilhosa, mas encaixava-se melhor  no catálogo anterior de criação da dupla, do que nesta nova onda de oriente-ocidente a que Plant tentava dedicar-se no momento.

Estava começando a acontecer a coisa mais próxima de uma reunião do Led Zeppelin, que Robert Plant permitiria que acontecesse nos anos que vieram depois do final trágico da banda em 1980. Fugindo da sombra da banda, Plant aceitou recriar muitas músicas do repertório do Zeppelin para o "Acústico", mas respondeu com um sonoro "não"  a sugestão de Page de trazer John Paul Jones.

Os dois artistas retomaram o trabalho em abril de 94 e passaram a ensaiar, depois de participarem juntos em um show em homenagem a Alexis Korner.

Aos dois,  se juntaram o baixista Charlie Jones e o baterista Michael Lee, que faziam parte da banda que vinha acompanhando Plant em sua turnê solo. O tecladista Ed Shearmur veio em seguida e Hossam Ramzy, um percussionista e compositor egípcio também foi recrutado e ele foi buscar na cena londrina de clubes de música árabe, os músicos que fariam parte de seu "Egyptian Ensemble".

E já que o "tempero" que Plant buscava era árabe, nada mais adequado do que escolher a música "Kashmir" para começar o trabalho de adaptação das músicas do Zeppelin a uma nova sonoridade, que as tornasse mais uma vez interessantes para o vocalista desejar novamente cantá-las.

Nos ensaios, ele era claramente o líder, tanto chamando mais músicos para o projeto como o guitarrista do "The Cure", Porl Thompson e Nigel Eaton e seu hurdy gurdy, um instrumento popular durante a Renascença que fez toda a diferença na nova versão que a banda apresentou para a música "Gallows Pole".

A cantora britânica, de origem indiana Najma Akhtar foi escalada por Plant para recriar o dueto da música "Battle of Evermore".

Plant tomou a frente de tudo durante os ensaios feitos no andar de cima de um Pub, próximo de onde ele vive, e seguiu dando as cartas nas gravações, no início do mês de agosto, primeiro em Marrakech, no Marrocos e na semana seguinte em Snowdonia, no País de Gales.

A gravação do programa aconteceu em três apresentações, em um estúdio de TV em Londres nos dias 24, 25 e 26 de agosto de 1994. A London Metropolitan Orchestra também participou do trabalho e o resultado foi para o ar, na MTV, no dia 12 de Outubro de 1994.

No Brasil, o Unledded foi apresentado pela primeira vez no dia 17 de Novembro de 1994, com direito a uma curta visita de Page e Plant ao Rio de Janeiro para a divulgação do lançamento.

Em 2004, comemorando os dez anos de lançamento do disco, um DVD com o show apresentado pela MTV trazia ainda algumas faixas que tinham ficado inéditas, como a maravilhosa versão para "The Rain Song", tão definitiva para a música, quanto a impecável e emocionante "Kashmir", que encerra a apresentação.

Não importa o que fizeram depois e até mesmo a reunião de 2007, nada chega perto da sensação de ver estes dois gênios da música trabalhando juntos e revendo obras tão lindas como "Thank You", em um momento em que ambos estavam ainda no ápice.

Posso ficar aqui por horas descrevendo o disco e o DVD, mas acredito que nada substitui a experiência de assisti-lo, de preferência com todas as luzes apagadas e com um bom incenso de sândalo queimando por perto. Ah... o som tem que estar no talo.... Recomendadíssimo.... 

No Quarter - Page & Plant (1994) 

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Feliz Aniversário, Deus Dourado!




Robert Plant faz hoje 66 anos e por isso preparei uma seleção diferente de vídeos do melhor vocalista da história do rock.

Desta vez, selecionei alguns bons momentos do artista em diversos programas de televisão em que ele tem aparecido ao longo dos anos. São entrevistas de diversas fases que talvez nos ajudem a compreender melhor este personagem que tantas vezes já demonstrou que não foge de controvérsias.

Inquieto, ele sempre estará aonde sua "Musa" o levar e neste momento, prepara-se para lançar um novo disco, que segundo ele, o traz de volta a suas raízes, mas sem abrir mão de toda a sonoridade exótica, que sua banda, a Sensational Space Shifters, for capaz de criar.

Parabéns ao eterno "Deus Dourado" e muito obrigada por sua música....


Robert Plant Interview 1975




Robert Plant Interview - The Tube (1982)


Robert Plant 1983 Mtv Interview




Robert Plant on George Stroumboulopoulos Tonight: INTERVIEW






sábado, 26 de julho de 2014

Mick Jagger faz 71 anos hoje



Hoje é um dia a ser comemorado por todo mundo que gosta de música, mais especificamente, de rock. Mick Jagger, o melhor performer que já pisou sobre esta terra, completa hoje 71 anos.

Há 50 anos, ele já era o performer, compositor, letrista, rebelde, provocativo, revolucionário,  um agente da arte e da música, com carisma e poder suficientes para apavorar pais e autoridades com sua atitude e cabelos excessivamente longos.

E depois de um longo e turbulento caminho, chega hoje aos 71 anos em plena forma, como não é comum aos rebeldes, ainda irresistível quando sobe em um palco, como nunca tinha acontecido antes com nenhum performer e com uma obra que não só mudou os rumos de tudo, lá entre as décadas de 60 e 70, como continua muito viva e com um viço que só continua existindo em coisas que foram feitas para durar para sempre.

Seu trabalho com os Stones é do conhecimento de todos e pode ser encontrado com facilidade em todos os lugares, então optei por uma lista de coisas que o Mick Jagger fez sem os Stones, discos solo, projetos com outros artistas e participação em trilhas sonoras, que, mesmo sem ter a devida atenção do público,  não deixam de impressionar pela qualidade de gênio, que Mick colocou em todas elas.


Sweet Thing




Old Habits Die Hard



Just Another Night



Hard Woman



Visions of Paradise



Say You Will



Lucky In Love



Don't Tear Me Up



Let's Work



Dancing In the Street




domingo, 20 de julho de 2014

Próximo disco de Robert Plant marca volta às suas antigas raízes




O novo disco do cantor Robert Plant chega às lojas no dia 09 de Setembro. Mas antes disso, ele postou em sua conta no Youtube este pequeno vídeo onde fala um pouco sobre esta sua nova aventura.

Gravado próximo às fronteiras com o País de Gales, o vídeo tem como trilha sonora pequenos trechos de músicas do novo álbum, como "Rainbow", "Little Maggie" e "Turn it Up" e também traz um curto depoimento do guitarrista Justin Adams, membro da banda Sensational Space Shifters e parceiro de Plant na nova safra de canções de "Lullaby and... the Ceaseless Roar".

Segundo Plant, no novo trabalho ele volta a mergulhar em suas antigas raízes celtas, mas como com ele, nada é assim tão simples e a banda que o acompanha tem uma enorme e variadíssima bagagem musical, podemos esperar por uma inusitada mistura e, em alguns momentos, ter a impressão que estamos ouvindo a música feita em uma impossível fronteira que separa o País de Gales dos países do Norte da África.

"Lullaby and... the Ceaseless Roar" é o décimo disco da carreira solo de Robert Plant e o primeiro ao lado da Sensational Space Shifters, a banda que acompanha o cantor em seus shows ao vivo desde 2012 e é formada por Justin Adams,  Liam "Skin" Tyson, Billy Fuller,  John Baggot, Dave Smith e Juldeh Camara.
Em sua atual turnê europeia, que incluiu uma apresentação no prestigiado Festival de Glastonbury, Robert Plant e o Sensational Space Shifters tem apresentado algumas das 11 faixas do novo disco, bem como velhos clássicos do eterno vocalista do Led Zeppelin como "Going to California", "No Quarter" e "Down to the Sea". Confira a seguir a lista completa de faixas de "Lullaby and... the Ceaseless Roar": 

1.Little Maggie   
2.Rainbow
3.Pocketful of Golden
4.Embrace Another Fall
5.Turn It Up
6.A Stolen Kiss
7.Somebody There
8.Poor Howard
9.House of Love
10.Up on the Hollow Hill (Understanding Arthur)"
11.Arbaden (Maggie's Babby)

terça-feira, 1 de julho de 2014

Robert Plant em Glastonbury



Enquanto as pessoas por aí, continuam aproveitando cada oportunidade para cobrar que Robert Plant volte imediatamente ao Led Zeppelin, ele prefere seguir com sua própria vida e afastar-se cada vez mais dos velhos fantasmas do passado.

E que melhor forma de reafirmar isso, do que tocar no Festival de Glastonbury para um público de todas as idades, uma mistura colorida e alegre, que, não se importou nada com uma chuva torrencial e continuou por lá, disposto a divertir-se?

Embora Plant não queira mesmo nada com seu passado no Led Zeppelin, ele começa o show evocando esse passado... "Babe, I'm Gonna Leave You" aparece em uma versão arrepiante, com o exotismo da guitarra acústica, que empresta sua sonoridade do flamenco,  e não deixa muito espaço para sua versão folk original e um dos cavalos de batalha dos antigos shows de sua ex-banda, sombras de nuvens pesadas sobre o palco. Será que do meio delas, o velho Zepelim surgirá novamente?

Não, de jeito nenhum... e é preciso deixar claro que, no que depender dele, a velha banda não voará nunca mais e o que melhor para isso do que "Tin Pan Valley" e sua letra ácida? Lá está ele dizendo mais uma vez: "Não importa o que vocês querem, eu não tenho a intenção de viver das minhas glórias antigas, estou seguindo adiante...."

E, como disse antes de embarcar em uma versão afro, árabe, qualquer coisa, menos rock, de "Black Dog"; esta será uma jornada de misturas entre a música do ocidente e do oriente. É assim que ele quer, se a plateia se choca, ouvindo velhos clássicos pintados com outras tintas, montando  cenários irreconhecíveis, problema da plateia.

Pintar com tintas diferentes é a especialidade dessa banda que acompanha Robert Plant hoje em dia. Com músicos como multiinstrumentista Juldeh Camara, da Gambia, e o guitarrista Skin Tyson, a Sensational Space Shifters é capaz de construir qualquer clima, evocar oriente ou ocidente, folk ou África, viaja na velocidade da luz para qualquer parte do mundo.

Justin Adams, o outro guitarrista, tem anos de influências árabes em seu currículo e adiciona temperos extras a tudo, exercendo o comando da banda que traz também John Baggott, Billy Fuller e Dave Smith.
Uma banda completa, que no palco de Glastonbury se mostra tranquila, feliz e verdadeiramente talentosa, imprimindo sempre sua personalidade, longe de  qualquer preocupação com as possíveis comparações com os monstros lendários do passado, sempre a espreita, momentaneamente trazidos de volta pelos gritos de um ou outro na plateia, pedindo por alguma música.

A beleza eterna de "Going to California" parece saciar momentaneamente a fome de passado do público, mas o artista quer retomar seu caminho rumo ao futuro. Seu novo disco "Lullaby and…The Ceaseless Roar", gravado com a Sensational Space Shifters, já está pronto e  chega às lojas no dia 9 de Setembro. Saem dele duas músicas do repertório do show, "Little Maggie" e "Rainbow" que são muito bem recebidas, encaixando-se como uma luva, em um bloco de sonoridade mais folk.

A apresentação é curta, é preciso dar mais ao público que os chama de volta  depois de uma arrasadora "Whole Lotta Love"  e a banda ressurge no palco para "Rock and Roll", um daqueles hinos, que,  Robert Plant nunca conseguirá manter longe de seu repertório. O público, mais uma vez encantado, agradece.

Setlist completo de Robert Plant and the Sensational Space Shifters em Glastonbury (28/06/2014)

Babe, I'm Gonna Leave You
Tin Pan Valley
Black Dog
Rainbow
Going to California
 The Enchanter
 Little Maggie
What Is and What Should Never Be
 Fixin' to Die
Whole Lotta Love / Who Do You Love
 Bis:
 Rock and Roll

domingo, 20 de abril de 2014

O adultério segundo Paulo Coelho



A crítica acaba de receber ainda mais munição para combater um dos autores que mais ama odiar, o brasileiro Paulo Coelho lançou seu vigésimo sétimo livro, "Adultério".
Desta vez, Paulo conta a história de traição de Linda, uma bela e rica jornalista de 31 anos, casada e com dois filhos, que repentinamente se dá conta do vazio de sua vida e decide que a única forma de voltar a ser feliz de novo seria traindo seu marido.

Desesperada pela falta de horizontes que encontra em sua vida confortável, em Genebra, ela vê no reaparecimento de Jacob König, um ex-namorado da época de escola, que agora é um político que ela deve entrevistar para seu jornal, como uma chance para conseguir a aventura que pode tirá-la de seu fundo do poço ou terminar por afundá-la ainda mais.

Paulo Coelho carrega nas tintas nas poucas cenas de sexo que o livro descreve, o que levou muitos críticos a associar o novo romance como uma tentativa do autor aproveitar a onda criada entre os leitores pelo recente sucesso de "50 Tons de Cinza", e seu apelo erótico mais explícito.

Mas não me parece o caso, na minha percepção as tais cenas fortes aparecem como a adição de algum tempero a uma insípida sopa de tédio, uma questão que o próprio autor deve estar sentindo na pele, já que agora está vivendo em Genebra, na Suiça, um lugar que pela descrição dada pelo autor, não deve mesmo fazer nada bem à saúde mental de seus habitantes; daí as altas taxas de suicídio e outras mazelas como o alto consumo de drogas que o país registra.

Segundo Paulo Coelho, a história do livro veio da descrição de um "caso real" acontecido com uma internauta, relatado em um dos muitos fóruns que discutem de tudo na rede.

Real ou não, o autor parece não ter feito muita questão de aprofundar-se verdadeiramente no assunto e o leitor ganha apenas uma história morna, sem maiores atrativos ou questionamentos, que, arrisco, não deve demorar muito a chegar devidamente adaptada por Hollywood em um cinema perto de você.


Publicado originalmente no site Revista Eletricidade


terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

U2 faz apresentação no programa "The Tonight Show"

Ainda trabalhando no novo disco que não tem uma data de lançamento definida, a banda U2 participou da reestreia do programa "Tonight Show", comandado pelo apresentador Jimmy Fallon, marcando o momento em que a atração passa novamente a ser gravada em Nova York.

E aproveitando o novo cenário, a apresentação do U2 foi no topo do edifício Rockfeller Plaza, mais exatamente no septuagésimo andar, onde uma pequena, mas entusiasmada plateia e o por de sol perfeito, da cidade, assistiram à banda tocar "Invisible"; a música escolhida como primeiro single do novo disco e que também faz parte de uma campanha da fundação RED para arrecadar fundos para a compra de medicamentos para o tratamento de doentes de AIDS.

A música já arrecadou mais de 3 milhões de dólares, depois de ser exibida durante o intervalo do Superbowl deste ano, o download gratuito da canção foi disponibilizado no  iTunes com a promessa de que cada download corresponderia a 1 dólar de doação para a fundação  feita por um banco americano.

Na entrevista em si, nenhuma novidade, não trocaram mais do que uma dúzia de palavras com o apresentador, muitas piadas sobre tocar "no alto" e os famosos discursos de Bono Vox, que provavelmente serão ouvidos novamente durante a cerimônia de entrega do Oscar, já que a banda é considerada a favorita ao prêmio de Melhor Música  com  "Ordinary Love", da trilha sonora do filme "Mandela". 




Confira a apresentação completa do U2 no programa "Tonight Show com Jimmy Fallon":






quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Um sociopata em Wall Street

 


É difícil enfrentar as quase 3 horas de exibição de "O Lobo de Wall Street" sem sentir algum grau de indignação. O novo longa de Martin Scorsese é incendiário e esquadrinha o mesmo mundo que Oliver Stone já tinha retratado tão bem em 1987 em seu "Wall Street - Poder e Cobiça", com seu vilão ficcional Gordon Gecko (Michael Douglas); mas com um agravante, Jordan Belfort (Leonardo Di Caprio) é um personagem real, protagonista de um grande escândalo financeiro que aconteceu durante a década de 90.

E embora a história seja real, o roteiro de Terence Winter consegue dar a ela um tom farsesco, com Belfort algumas vezes quebrando a quarta parede e dirigindo-se diretamente ao espectador.

Um jovem e ambicioso corretor da bolsa de valores que começa sua carreira em uma grande corretora de Wall Street, aprendendo com seu chefe Mark Hanna (Matthew McConaughey, simplesmente impagável), que os limites legais de seu trabalho são bastante relativos e que o importante de verdade na vida é conseguir colocar as mãos no dinheiro de seus clientes.
 
E quando a grande corretora em que trabalha o demite, em um dos escorregões da bolsa, ele não demora a perceber que pode ganhar muito mais, usando sua lábia de vendedor para empurrar para pequenos investidores, ações de baixíssimo valor.

Logo o negócio passa a ser tão lucrativo, que Belfort opta por expandi-lo, começando completamente por acaso, com Donnie Azoff (Jonah Hill), um vizinho que se demite imediatamente da loja de móveis em que trabalha após descobrir que Belfort tinha ganho 70 mil dólares em apenas um mês de trabalho.

Os dois criam uma equipe de corretores formada basicamente por pequenos traficantes, de moral duvidosa e, com eles, mais tarde, tomam de assalto a própria Wall Street, chamando atenção da mídia, que dá a Belfort o apelido de "Lobo de Wall Street" e do FBI, que passa a acompanhar bem de perto as atividades da empresa.

Com uma crueza que chega a impressionar, a câmera nervosa de Scorsese, combinada com uma boa trilha sonora, invade um universo de excessos sem limite.

Leonardo Di Caprio dá um show de interpretação, construindo meticulosamente um personagem que só pode ser descrito como um sociopata, alguém viciado além das drogas, na adrenalina de conseguir arrancar seus lucros às custas de trapaças diversas. Sempre a um passo do caricatural, mas encontrando o melhor tom de forma brilhante.

Aliás, o trabalho de todo elenco, individualmente e em conjunto é exemplar. Algumas cenas da equipe de Belfort trabalhando e/ou divertindo-se, só encontram paralelo em documentários sobre a vida animal.

E é mesmo uma pena que ele chegue para bater de frente, na disputa pelos prêmios da temporada, com filmes mais clássicos como "12 Anos de Escravidão" ou muito menos provocativos como "A Trapaça", apostas mais certas para a Academia de Hollywood, que costuma fugir dos excessos em suas escolhas.
 "O Lobo de Wall Street" é um filme memorável, imperdível e polêmico, como o cinema tinha obrigação de sempre ser.

O filme tem estreia agendada no Brasil para o dia 24/01/2014.