terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Os candidatos ao Oscar 2009: O Leitor (The Reader - 2008)




O cenário é a Alemanha dos anos pós-Guerra, em 1958, o país derrotado e empobrecido, parece ter como sentimento comum apenas a vontade de deixar para trás todos os horrores de um passado recente e vergonhoso.

Michael Berg (David Kross), um estudante de 15 anos é só mais um adolescente que andando pelas ruas, começa a passar mal e é ajudado pela cobradora do bonde que sempre utiliza. A doença é grave, escarlatina, e o rapaz demora alguns meses para se recuperar, mas resolve procurar a tal cobradora, para agradecer a gentileza.

A cobradora é Hanna Schimitz (Kate Winslet), uma mulher estranha de mais de 30 anos, que acaba se transformando em amante do garoto, em um relacionamento não só estranho pela diferença de idade, mas também pela forma que é construído, total intimidade sexual, mas pouco, ou quase nenhum conhecimento um do outro.
A única coisa em comum entre os dois, além do sexo, passa a ser a literatura, quando Hanna pede que Michael leia para ela de livros clássicos como "A Odisséia" ou "O Amante de Lady Chaterley" a quadrinhos de Tintin.

O envolvimento não dura mais do que um verão, já que Hanna desaparece sem qualquer explicação e Michael então segue sua vida, um tanto mais confiante, mas ao mesmo tempo quieto e arredio, voltamos a vê-lo aos 23 anos, na faculdade de direito, convidado então por um professor (Bruno Ganz), a acompanhar o julgamento de criminosas de guerra, que teriam trabalhado como guardas em Auschwitz. E para Michael, é um choque encontrar Hanna, no banco dos réus, no meio destas mulheres.

Outro choque é perceber que as coisas horríveis feitas por Hanna durante a Guerra, como escolher as pessoas a serem exterminadas, são vistas por ela, como simples cumprimento do dever profissional. Sem maiores culpas, mesmo quando confrontada com a realidade de que seu dever, de impedir a fuga de 300 mulheres de um prédio em chamas, tinha causado a morte de quase todas elas, apenas porque tinha ordens de não deixá-las escapar.

É a gota d'água para Michael decidir por não ajudá-la, mesmo sabendo de fatos que poderiam mudar completamente os rumos de seu julgamento, escolhe ficar calado. Até tenta arrumar coragem para visitá-la, mas simplesmente não consegue.

Dirigido por Stephen Daldry, o mesmo diretor de "As Horas" e baseado no livro homônimo de Bernhard Schlink, o filme guia os espectadores por emoções diversas e intensas, do amor aos livros e à literatura, em geral, ao impacto do envolvimento de um adolescente com uma mulher muito mais velha, que mudaria para sempre todas as suas relações amorosas e a pesada culpa alemã, sempre presente como uma sombra que atravessa toda a obra, perceptível especialmente nas ótimas cenas de Ralph Fiennes (Michael Berg nos dias atuais).

Mas a grande presença do filme é sem dúvida de Kate Winslet, uma excelente atriz, que mais uma vez, se supera no papel de uma mulher que não tem maiores pudores em se despir ou se relacionar com um adolescente, que ela mesma chama de "garoto", mas que se envergonha profundamente de algo que para ela é uma falha inadimissível.
Mereceu o Globo de Ouro, como merece o Oscar, embora, sua personagem terá uma certa dificuldade de arrecadar a simpatia do lobby judaico sempre tão atuante dentro da Academia.

O Leitor tem 5 indicações ao Oscar: roteiro adaptado, atriz (Kate Winslet), fotografia, direção e melhor filme. Curiosamente, no Globo de Ouro, Kate Winslet foi premiada como atriz coadjuvante pelo mesmo trabalho.

Posts Relacionados por Marcador



0 comentários:

Postar um comentário

Obrigada pela visita!