terça-feira, 11 de setembro de 2007

Acústico MTV Lobão no Citibank Music Hall


Depois que a poeira já baixou, sobre o susto que foi rever Lobão aceitando voltar ao Mainstream que por tanto tempo criticou, vamos reencontrá-lo na segunda passagem de sua tournê do show Acústico por São Paulo.

A primeira vista duas coisas chamam muita atenção no cenário, ali, exposto antes do início do show, no palco, com as cortinas abertas, a absoluta ausência de objetos de cena, com simples paredes negras no fundo e nas laterais e a quantidade de racks, cada um sustentando instrumentos de cordas numerosos e variados; criavam a sensação de que se estava em plena Teodoro Sampaio, numa daquelas lojas abarrotadas de intrumentos.

A sensação cai por terra, quando as luzes se apagam e retornam com Lobão e banda já posicionados no palco, iniciando o show com “El Desdichado II” uma pancada na orelha que impressionaria até mais, não fossem alguns problemas de som, normais quando se trata da primeira música de uma apresentação.

Com o som já melhor, era a vez do hit “Essa Noite Não”, em uma simpática versão folk, com direito a banjo tocado pelo guitarrista Edu Bologna e harmônica tocada pelo tecladista Roberto Pollo.

A outrora eletrônica Robô/Roboa recebe uma versão completamente orgânica com direito a uma bela execução de slide guitar de Edu Bologna.

Lá pelo meio do show, Lobão começa a conversar com a platéia sobre aquela brincadeira das pessoas ficarem pedindo – Toca Raul! em todos os shows.
E para surpresa de todos, manda em um só fôlego “Maluco Beleza”, “Metamorfose Ambulante” e Gita”; dizendo ainda que acabara de gravar um Tributo para Raul Seixas na Rede Globo e que só ali tinha percebido a importância do trabalho musical do cara, referindo-se a Raul como gênio.

Retorna ao roteiro “normal” do show, mas é engraçado perceber que Lobão leva muito mais a sério seu material mais recente, composições de sua fase independente, como “A Queda” e “A Vida é Doce” chegam com maior impacto ao palco e não só pela temática, mas pela própria interpretação mais visceral.

Enquanto as letras mais românticas, recebem um outro tratamento, aparece no rosto do cantor uma expressão tão cínica, que chega a dar mêdo. Paro um minuto para pensar o que estaria passando pela cabeça de uns tantos casais de mais de 30 anos de idade que estão ali pela platéia nesta hora, mas mudo de idéia, quando o velho Lobo começa a brincar com o cantor Lulu Santos declarando que ao rever seu material no processo de escolha de repertório para o Acústico, “percebeu que havia tomado o lugar de Lulu, como o Último Romântico”.

Já desisti de entender, são coisas de Lobão! Um artista que, diferente de muita gente de sua geração, mostra que está em boa forma musical, fez um ótimo disco ao vivo, um dos melhores de sua carreira, até arriscaria dizer. E, de fato, estava fazendo muita falta neste quadro maior do rock brasileiro, de onde se havia retirado.

Texto escrito originalmente para a Revista Eletricidade

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