O final da Guerra Fria quase enterrou completamente um estilo bastante popular dentro do gênero filmes de ação; os chamados filmes de espionagem. Eles faziam a alegria de um grande público que podia curtir roteiros mirabolantes, com altas doses de adrenalina onde sempre os bons venciam os maus, não importando nem um pouco a desigualdade da luta.
O exemplo mais óbvio deste estilo, a série James Bond, com seus 27 filmes, muitos dos quais apresentando o herói britânico cercado por inúmeros inimigos, desarmado e prestes a morrer, quando repentinamente algo fisicamente impossível de acontecer do lado de cá da tela, mas comum do lado de lá, o salva e devolve a ordem ao mundo.
Mas vivemos outra época e o "bicho-papão" a ser derrotado não é mais o comunismo e seus soldados bem treinados, mas meio bobões, que sempre apanhavam muito no final.
Que o diga o personagem principal de "Dupla Implacável", James Reece (Jonathan Rhys Meyers), um novato no trabalho da agência, colocando ainda microfones em salas da embaixada e trocando placas de automóveis para tirar pessoas importantes de possíveis situações embaraçosas, o rapaz ainda não viu nenhuma ação real de espionagem, em um mundo em que segurança antiterrorismo tornou-se a razão de viver da agência para quem trabalha secretamente, enquanto publicamente aparece como um simples funcionário da embaixada americana em Paris.
Mas tudo muda quando vai buscar no aeroporto Charlie Wax (John Travolta) a pedido da Agência. Agente veterano, Wax faz o tipo que atira primeiro e depois faz as perguntas, deixando um rastro de sangue e de balas por onde passa, ora atirando em chineses traficantes de drogas, ora detonando uma célula de terroristas árabes em um prédio decadente dos subúrbios parisienses, ora perseguindo mais alguns árabes em alta velocidade com uma bazuca.
A relação entre os grupos talvez faça sentido apenas para o roteirista, mas tudo é muito rápido, sangrento e barulhento. Dirigido por Pierre Morel que fez recentemente o também mega-violento "Busca Implacável" (2008), o filme é para quem ainda consegue divertir-se com histórias sobre valentões patriotas que só param de atirar para apreciar um hamburguer bem americano, tirado de um saquinho de papel, no meio da madrugada em Paris.
Claro que uma boa parte da graça está em observar John Travolta divertindo-se com seu personagem imprevisível e boca suja. Careca e de cavanhaque, visualmente o ator parece muito mais outro "fora-da-lei" do que o herói que está lá para salvar o mundo mais uma vez.
Por estas e por outras, imagino o que o bom e velho James Bond não diria sobre estes agentes secretos de hoje em dia, capazes do sacrilégio de trocar a magnífica culinária francesa por um mero hamburguer... Ianques, bah!...
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigada pela visita!