quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Entrevista imperdível com Robert Plant



Fazendo divulgação de seu novo disco "Band of Joy" pela Europa e América do Norte, Robert Plant tem feito muitas entrevistas dos dois lados do Atlântico.

Esta especificamente foi feita para uma rádio canadense pelo repórter Jian Gomeshi e tem como ponto alto a pergunta que todos os fãs do trabalho do vocalista um dia já quiseram fazer a ele, se tivessem a oportunidade: - Qual a razão do encanto de sua geração com o Blues?

Esbanjando charme (como sempre), ele responde... Ah! Não vou estragar a experiência de ouvir nas palavras do cara a explicação para esta e outras indagações.

Só posso dizer que já vi e revi esta entrevista algumas vezes e estou ainda mais encantada e ansiosa para ver a apresentação de Plant por aqui, no mês de maio.

E antes que me perguntem, não sei de nada de concreto sobre este show, mas me baseio em rumores soprados por fontes interessantes!

Feliz 2011 para todos!

domingo, 26 de dezembro de 2010

Amor por Contrato - O consumismo como um mal



Com a necessidade cada vez maior de vender e incentivar um consumo que dê conta da fúria por lucros das indústrias, os especialistas em propaganda partem para práticas inusitadas, mas que podem ser eficazes.

Este é o ponto de partida de "Amor por Contrato", o filme de estreia do diretor Derrick Borte, que tem uma longa carreira na publicidade, que chega aos cinemas brasileiros neste final de semana.

Demi Moore (Kate Jones) e David Duchovny (Steve Jones) mudam-se com um casal de filhos adolescentes para um subúrbio de casas de classe média alta e lá, transformam-se na razão de inveja de toda a vizinhança; sempre usando as roupas perfeitas e demonstrando os acessórios e produtos que se tornam o sonho de consumo de todos ao redor; especialmente de Larry (Gary Cole) e Summer (Glenne Headly), um casal de vizinhos muito competitivo.

Na casa da família Jones tudo parece saído de um comercial e na verdade é, já que a tal da família perfeita é apenas uma equipe de vendas, posicionada na vizinhança por uma empresa de marketing para impulsionar as vendas de produtos caros e sofisticados.

Crítica ácida ao consumismo desenfreado e irresponsável, o filme é uma obra irregular que no entanto, merece nossa atenção.

Levanta a questão dos limites éticos e daquilo que seria válido para a indústria do marketing na tentativa de nos forçar a comprar o que não necessitamos ou sequer queremos.

Só parando para analisar estes limites teremos uma chance de ver a sociedade como um todo evoluir rumo ao consumo responsável, tão necessário nos dias de hoje para um dia alcançarmos a sustentabilidade.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Life - Sob a ótica de uma fã dos Stones



Já escrevi uma matéria para a Revista Eletricidade falando de "Life", a autobiografia de Keith Richards, mas lá quem fala é a repórter, que relata aos seus leitores o que leu utilizando ao máximo a tal da isenção, tentando guardar no armário, a fã desesperada para outra ocasião.

Mas aqui, no blog, a fã volta a ocupar seu lugar e assim, pode contar o que leu e sentiu enquanto percorria as tais quinhentas e tantas páginas.

Em primeiro lugar, para alguém que se apaixonou pela banda em 1989, ao ouvir a balada "Almost Hear You Sigh" e a partir daí começou a colecionar tudo o que estivesse ao seu alcance sobre a banda, vídeos, entrevistas, revistas, recortes de jornais, livros, enfim, tudo, até que em 1995, pude vê-los pela primeira vez ao vivo, no até agora imbatível melhor show que vi na vida.

Mas, para não me perder por aqui, e voltar ao livro, já vi tantas entrevistas de Keith, que minha mente me pregou uma peça, ao ler o livro, no original em inglês, passei a vê-lo na minha sala, cigarro no canto da boca, em seu jeito "malandro-pirata" de ser, narrando cada um dos episódios de sua vida.

E aí, o livro para mim, tomou novas dimensões... passou a ser uma espécie de amigo imaginário e mesmo já conhecendo uma boa parte daquilo que ele narrava, era como estar escutando um velho amigo contando suas aventuras e desventuras.

Com uma sensibilidade inesperada, ele conta no livro o quanto se frustrava com a imagem da banda no início do sucesso; afinal ele havia largado tudo primeiro para aprender a tocar a música dos mestres do blues como Muddy Waters, Howling Wolf, Robert Johnson e as menininhas nem ouviam o que eles estavam tocando, gritando desesperadamente, o que dava a banda mais ou menos uns 10 minutos de show, até que invadiam o palco e tudo terminava em correria.

Ou seja, o sonho dourado de todo músico, de ser amado pelos fãs, para os Rolling Stones era um pesadelo que trazia mais preocupação com saber onde ficavam as saídas por onde escapariam das tais adolescentes malucas, do que com a setlist que eles tocariam.

Ao mesmo tempo, o que ele queria era "cruzar os trilhos", que na linguagem dele significava ir até os bairros negros dos EUA e tocar com as pessoas que ele passou a vida admirando, o fã que se transforma em aluno, aproveitando a ocasião para ser uma pessoa comum e não o guitarrista famoso da banda que está em primeiro lugar nas paradas, mas o "carinha" que quer aprender como tirando uma das cordas da guitarra e fazendo uma afinação especial, ela passará a soar como a dos mestres que ele tanto admirava.

Também descobri o quanto ele podia ser doce com as fãs, que eram tão ameaçadoras naquele início, narrando um episódio em que convidou um grupo delas que cercavam o hotel onde estava vivendo, para protegê-las de uma tempestade.

Claro que aconteceram as drogas, as armas, os acidentes de carro, as loucuras com as groupies e os tipos estranhos que cercavam a banda, mesmo assim fiquei com a impressão de que Keith é um maluco do bem, cujo uso de drogas tinha a finalidade de tentar isolar-se do ambiente louco que o cercava, aliás ele repete isso várias vezes no livro, queria distanciar-se do furacão ao seu redor, para reencontrar-se com seu próprio caminho.

A relação com Mick Jagger é um capítulo a parte... em algum ponto do caminho, segundo Keith, Mick passou a acreditar nos elogios e passou a achar que a banda era só um veículo para a sua arte.

Ao mesmo tempo, Keith estava mergulhado nas drogas e não tinha condições de colocá-lo de volta em seu lugar, mas quando ele resolveu retomar sua posição, Mick já tinha virado um cantor solo, deixando os Stones para trás... daí, a reação de Keith de considerar tudo uma traição.

Mas a traição fez bem ao Keith, fez com que ele quisesse melhorar, empurrando as drogas para longe e rendendo para nós, os fãs, seus discos solo "Talk is Cheap" e "Main Offender", duas obras primas.

Além disso, não deixa o Keith ouvir, mas graças ao Mick a banda passou a cercar-se de uma estrutura profissional grande, que permite que ela leve seus shows ao vivo a lugares mais distantes, como o Brasil... por exemplo...

Mick transformou os Stones em uma lucrativa S/A, mas a banda não seria nada sem sua alma, que é Keith. Aliás, se o rock n' roll de repente se transforma-se em uma pessoa, ele seria Keith Richards.

Enfim... Keith é uma figura apaixonante e depois de terminar o livro, quero voltar a ele outras vezes, não para entender melhor alguma passagem que tenha ficado para trás, mas por estar com saudades da sensação de proximidade de um dos meus heróis de sempre, maior ainda no meu coração depois de conhecê-lo melhor.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Os Outros Caras - Quando Hollywood ri de si mesma




A indústria cinematográfica nunca teve maiores pudores quando se trata de brincar com suas próprias fórmulas e clichês. A maior parte das vezes, a brincadeira não costuma render muita coisa, poucos risos, bilheterias medíocres, mas não é este o caso de "Os Outros Caras".

Nos EUA, o filme teve uma ótima recepção tanto de crítica como de público, levando os estúdios a considerarem uma sequência.

A ação das cenas iniciais provavelmente levou mais da metade do orçamento do filme, a produção brinca com as super produções de ação que envolvem policiais durões e seus feitos heróicos contra os bandidos que ameaçam a população.

Em "Os Outros Caras", os herois são P.K. Highsmith (Samuel L. Jackson) e Christopher Danson (Dwayne Johnson); amados pela população e condecorados por suas capturas que sempre deixam atrás de si um rastro de destruição, os dois acabam morrendo e deixando a vaga de herói aberta para outra dupla de policiais que esteja disposta a ocupá-la.

Claro que os futuros heróis nem são exatamente parceiros, nem nada heroicos; Allen Gamble (Will Ferrell) e Terry Hoitz (Mark Wahlberg) costumam fazer apenas serviço burocrático dentro da delegacia de polícia, mas resolvem ir para as ruas investigar o que parece ser inicialmente uma pequena fraude realizada por David Ershon (Steve Coogan) um banqueiro envolvido em um enorme esquema de desvio de dinheiro de investidores.

Dirigido por Adam McKay, que já tinha trabalhado antes com Ferrell em "Quase Irmãos" (2008) e "O Âncora: A Lenda de Ron Burgundy" (2004); o filme é uma comédia acima da média exatamente por não levar nada a sério; fazendo piada com cada um dos clichês do cinema de ação.

Além disso, conta com algumas participações especiais inusitadas como do jogador de basebol Derek Jeter e da atriz Brooke Shields e uma performance incrível de Michael Keaton como o Capitão Gene Mauch.